Carnaval, palavra cuja origem vem do Latim carnem levare ou carnis levale, significando “afastar-se da carne”. Muitos não conseguem dela se afastar, literal ou metaforicamente. Pelo contrário, comem-na e abusam da carne (humana), exposta sem pudor. Alguns declaram “Que horror!”. Sou do time dos que não julgam… Afinal, o corpo é do outro (a), e a decisão de expor-se é exclusivamente do possuidor (a).
O certo é que carnaval, festa profana, é um singular momento. Nesse curto espaço de tempo (que anda, há tempos, sendo esticado), observo como blocos, agremiações e locais de entretenimento vêm criando eventos capazes de ofertar a diversificados públicos a alegria dessa festa nacional. Isso é sensacional!
Só sei que é no carnaval em que as pessoas se despem de suas habituais vestimentas e selecionam fantasias (tradicionais ou não) para gozarem momentos de diversão com seus pares (ou com recentes amigos, feitos nesses inusitados encontros). Quanta alegria! É sensacional ver a animação dos foliões, ávidos pelo prazer, sem preocuparem-se com as obrigações cotidianas! É hora de liberar, de deixar rolar, de aproveitar! “Carpe diem”, diria a nós o poeta romano Horácio, em cujo trecho de um de seus famosos poemas, intitulado Odes I,11, se lê o seguinte: “Enquanto falamos, o tempo invejoso passa voando. Aproveite o dia e deixe o mínimo possível para o amanhã” ou, segundo a tradução de Márcio Thamos, “Foge o tempo invejoso enquanto falo: – Colhe o dia e não contes que haja outro”.
Mas até essa grande festa acabar, há, no corpo, muita purpurina, e, na alma, imensa magia! A preocupação habitual cede lugar para a descontração, para o desejo, para o beijo, para o que mais quiser. “Não é não!”, mas o “Sim” pode vir em uma forma de sorriso brejeiro, de um olhar faceiro (e sedutor. Como a este resistir?!). No carnaval, reina o hedonismo! “Pra tudo se acabar na quarta-feira”, como canta nosso querido Martinho da Vila.