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Deleite Linguístico: “Macaxeira ou aipim?” Qual palavra empregar?

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Dizem que a Língua Portuguesa é um dos idiomas mais difíceis. Concordo em parte. Obviamente, para um estrangeiro, as infinitas possibilidades de nossa língua materna causam dúvidas. Para nós, entretanto, falantes nativos, não há o que temer, pois estamos em constante imersão, sem a necessidade de gastarmos com viagens ao exterior para ficarmos fluentes em nosso idioma. No máximo, podemos aproveitar as cinco regiões brasileiras (cujas culturas e riquezas naturais são exuberantes) para termos um apanhado de como o léxico e a fonética mudam, uma prova cabal de que temos de ser poliglotas em nossa própria língua, declaração de nosso professor, Evanildo Bechara.

Quem nunca brincou com as variedades do tubérculo aipim, nomenclatura usada por cariocas e capixabas, também conhecido como mandioca pelos mineiros e paulistas? Já macaxeira é empregada no Nordeste para diferenciar-se de mandioca-brava, uma versão peculiar de quem vive no Nordeste e no Norte do Brasil, a fim de nomear uma raiz sem finalidade alimentícia por ser venenosa, segundo dados do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), do Departamento de Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Lavras. 

Independentemente de como você, caro (a) leitor (a), decida chamar essa raiz branca amplamente usada tantos em receitas culinárias de pratos doces e salgados, dissemine a riqueza de nosso idioma e celebre a Língua Portuguesa com um belo prato de aipim frito, acompanhado de carne seca, também conhecida como charque, jabá, iabá, sambamba, carne de sol. Acabei empregando essa outra palavra em que há essa multiplicidade lexical! Isso é sensacional!

Quanta pluralidade na forma de falar nossa Última Flor do Lácio, meus caros! Sugiro a vocês, como sobremesa, uma fatia de bolo de aipim ou de macaxeira. A decisão é sua! Como candanga (prefiro definir-me como brasilioca, mistura de brasiliense com carioca) que sou, prefiro dizer aipim! E você? O que importa mesmo é inferir que todo esse caldeirão lexical é fruto de nossa diversidade socioeconômica, cultural e geográfica. Portanto, viva o povo brasileiro e suas idiossincrasias!

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