No dia 15 de dezembro, muitos brasileiros participaram de um certame que possibilitará o ingresso na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, mais conhecida como Correios. Dentre os cargos, há 3.099 vagas destinadas à função de agente dos Correios – Carteiro; mas, para que o candidato esteja habilitado a disputá-las, é necessário que acerte, no mínimo, doze das quinze questões de língua portuguesa. Não há dúvidas de que o domínio do idioma é algo que pesará na classificação.
Analisando a prova, fiquei satisfeita com a abordagem a partir da Linguística Textual. Começarei falando da existência de sequências tipológicas diferentes em uma receita culinária, um dos ilimitados gêneros textuais. Como estamos muito próximos do Natal, pensemos na receita de uma rabanada! Ao passá-la “a” ou “à” sua amiga, (o acento grave é facultativo pela presença do pronome possessivo feminino. Essa particularidade foi explorada em uma das questões!), vocês usarão uma sequência textual descritiva (os ingredientes) seguida de uma injuntiva (modo de preparo). Ainda explorando as comidas natalinas, há aquela piadinha: “O pavê é pra ver ou pra cumê?”.
O conhecimento das regras de acentuação gráfica também foi cobrado! E quando forem brincar de amigo oculto? Nesse momento, entrarão em cena os tipos descritivo, narrativo e dissertativo. Sugiro cautela ao usá-los, já que muitos levam a mal certas descrições físicas e psicológicas, seguidas de histórias que deveriam ser ocultadas por gerarem polêmicas! Depois o clima pode esquentar, e uma confusão se instaurar! Acabo de fazer uso do tipo preditivo por prever uma situação desagradável em seu Natal. Aproveitando as sequências textuais, parabenizo os Correios pela ação de possibilitar presentes às crianças que produzem cartas (outro gênero textual) endereçadas ao bom Velhinho!
Seguindo a análise da prova, amei a questão em que foi cobrada a identificação de uma oração subordinada adverbial anteposta à principal. Sabiam que grande parte do emprego de vírgula exige a mera identificação de que há, no início de um período, um termo que pode vir em forma de locução adverbial ou de oração? Vejam as duas possibilidades, uma em que a vírgula é obrigatória, e outra em que é facultativa: 1) “Quando eu era criança, eu acreditava em Papai Noel”; 2) “Eu acreditava em Papai Noel quando eu era criança.” O mesmo raciocínio vale para uma locução adverbial, causadora de inúmeros equívocos. Eis um caso: “Na antevéspera de Natal, muitos viajarão.” “Muitos viajarão na antevéspera de Natal.” No primeiro período, como a locução adverbial inicia a oração, a vírgula é obrigatória. Vocês a usariam no segundo exemplo para quê?
Diante disso, vejam com outros olhos aquele carteiro que chega à sua residência. Afinal, ele, além de entregar encomendas e de proporcionar a alegria da criançada nesta época, é um hábil conhecedor de nossa língua materna.
Uma salva de palmas aos carteiros de nosso país!