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Deleite Linguístico: Numerais e suas versatilidades

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Não sei vocês, meus caros leitores, mas eu sou desafiada a pôr em prática regras de uso de numerais que causam dúvidas a muitos falantes. A última vez em que isso me ocorreu foi na V Conferência Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres de Duque de Caxias. Fui designada para ler o regimento em voz alta, o que me exigiu o adequado e esperado emprego das tais regras cujo conhecimento não é unânime. Sendo assim, divido com vocês as principais dicas que farão a diferença nessas inesperadas situações. Afinal, quem nunca titubeou ao ter de falar se o “Artigo 9” teria de ser pronunciado “nono” ou “nove”? 

Com o intuito de extirpar nossas dúvidas, explicito as principais regras, retiradas do Manual de Redação do Senado. Ei-las: não escrevam por extenso numerais em nomes de eventos culturais, científicos, históricos e esportivos. Essa regra justifica minha correta leitura do regimento referente à V (quinta) Conferência Municipal supracitada, ocorrida nos dias 18 e 19 (foram usados os algarismos por serem numerais acima de 10) de julho de 2025 (sem ponto para separar o milhar por indicar o ano). Em contrapartida, o ponto será empregado em números acima de mil, conforme este exemplo: Lei 7.716/ 89,a Lei do Racismo.

Se for o caso de ler numeração em artigos e em parágrafos de leis, de decretos, de regulamentos, de portarias e de atos do gênero, usem os numerais ordinais de 1 a 9 e, os numerais cardinais do 10 em diante. Ou seja, Artigo ou Art. 1º (primeiro), Artigo 9 (nono), parágrafo 2º (segundo); mais Artigo 10 (dez), Artigo 31 (trinta e um), § 10 (dez). Em casos de algarismos que compõem nomes de avenidas, ruas, praças, o extenso é o certo: Praça Onze, Rua Sete de Setembro, Praça dos Três Poderes (onde fica minha cidade natal).   

No caso de título, de seção e de inciso, que são escritos em algarismos romanos, e de capítulo – seja em algarismo romano ou arábico, como numa tese ou  em livro, leiam esses algarismos como se fossem cardinais, caso estes venham em posição posterior ao substantivo. Isso faz com que se diga Seção VIII (oito); inciso XII (doze); Capítulo XX (vinte), mas 20º (vigésimo, pois veio antes de) Capítulo. E quando se trata de data? Escolham o que creem ser o certo: 3/5/25 ou 03/05/25? E se for hora: 8h ou 08h? E na indicação de página: página 4 ou página 04? Acertaram os leitores que responderam que o algarismo zero deve ser eliminado em todos esses exemplos. Já sei que estão impactados e incrédulos, uma vez que a “norma” nossa de cada dia é usar com o “bendito” zero antes dos algarismos. A verdade é uma só: não usem o zero antes de números como data, hora ou página. Querem mais? Preparados? Prometam-me que jamais usarão algarismo romano na indicação de século, logo século 21 e não mais XXI (É claro que o primeiro dia do mês será sempre ordinal)! Quando forem grafar seus contatos telefônicos, não se esqueçam de usar o hífen antes dos quatro últimos algarismos de seu telefone: (21) 99429-7340. Reforço que o numeral é uma classe que merece nossa atenção. 

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