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Deleite Linguístico: O dilema do uso da vírgula

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Enquanto professora de Língua Portuguesa, verifico, nas produções de alunos e de pessoas que publicam nas redes sociais, que o emprego da vírgula é resultado de uma escolha aleatória; posto que muitos não conseguem fazer alusão à regra que exigiu a presença ou não da vírgula. Não à toa, deparamo-nos com textos deste tipo: “Guilhermina te amo!”; “Já chegou Márcia?”; “Na sala de aula os alunos estavam sentados em grupos”; “Todos os alunos da turma 701 leram, aquele lindo exemplar do livro de Godofredo de Oliveira Neto.”; “Quando cheguei ao Ciep recebi a pasta com os textos.”. Sei, meus leitores, que podem estar pensando: “Que mal há nisso? O leitor entenderá essas mensagens!” Deixemos as indagações de lado e partamos para minha humilde contribuição!

A reescrita desses exemplos, baseando-se na variedade norma-padrão de nossa Língua, encontra respaldo nas seguintes regras: 1) ao se dirigir a alguém, separe esse termo (Isso é nomeado vocativo) do restante do período com vírgula (s), logo o adequado seria “Guilhermina (vocativo), te amo!” e “Já chegou, Márcia (vocativo)?”; 2) quando o período for iniciado por um adjunto adverbial (formado por duas ou mais palavras), use a vírgula depois dele; portanto o exemplo ficará assim: “Na sala de aula (adjunto adverbial), os alunos estavam sentados em grupos”; 3) se, em um período composto (formado por duas ou mais orações), houver uma oração iniciada por uma conjunção e que funcione como um adjunto adverbial, teremos de separá-la da outra oração por uma vírgula, o que resulta nisto: “Quando cheguei ao Ciep (oração que funciona como adjunto adverbial), recebi a pasta com os textos.”. Cuidado, contudo, com certas ciladas.

Observem: “Quando o aluno chegou não percebi.” Neste caso, a oração sublinhada não funciona como adjunto adverbial, mas como complemento verbal (objeto direto oracional) do verbo “percebi”, o que não permite o emprego da vírgula. Que lindeza é nossa Língua! (Já sei que alguns proferirão: – É por isso que não gosto de Português!”). Pura implicância! Afinal, há uma lógica nisso! Como podemos separar um termo (objeto direto) que é complemento de um verbo por uma vírgula? Por isso temos de retificar esta construção desta maneira: “Todos os alunos da turma 701 leram aquele lindo exemplar do livro de Godofredo de Oliveira Neto.” e retirar a vírgula que está separando o verbo “leram” de seu complemento verbal (objeto direto), sublinhado no período.

Espero que, após a explicitação de algumas das regras de uso da vírgula, todos possam sentir-se cada vez mais seguros na hora da escrita!

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