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Deleite Linguístico: Os porquês do fuzileiro naval Rodney Lacerda

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O Universo coloca-me em contato com pessoas especiais cujas trajetórias são dignas de louvor e de um texto que as imortalize. E pensar que tudo começou com um passeio escolar, uma oportunidade em que conheci o Fuzileiro Naval Rodney Lacerda. Sua impecável vestimenta e elogiável educação geraram admiração no alunado participante desse dia especial, em que os estudantes tiveram uma aula diferente, ministrada pelo professor de história Rodney Lacerda, capacitado a levar a garotada a desbravar um espaço desconhecido e repleto de informações e de muita cultura, situado na Fortaleza de São José da Ilha das Cobras. 

Surpreendentemente esse Fuzileiro fora aluno da escola em que agora atendia na condição de guia do Museu do Corpo dos Fuzileiros Navais. Aquele menino do Complexo do Alemão viu, na educação, uma forma de ascensão. O aluno Rodney esteve matriculado na Orozimbo Nonato da antiga 5ª série à oitava. Não sabia o alunado que o guia Rodney, que assistia a contemplada turma, fora reprovado justamente por causa da língua portuguesa. E tudo culpa dos porquês… 

Para extirpar o mal pela raiz, deixo uma célere explicação, para guardar no coração. Peço primeiramente que deixe a decoreba de lado e que apreenda as quatro possíveis escritas do porquê. A primeira é a mais simples, porque o PORQUE, junto e com acento, não aparece só. Anteposto a ele, há um acompanhante, que pode ser um artigo, um pronome ou um numeral que o levará, se necessário, para o plural. Por estar ligado a essas classes, trata-se de um substantivo. Ex.: O porquê de sua ascensão deve, em parte, à educação. Seu porquê me convenceu! Se um porquê já gera dúvidas, imaginem dois porquês! A segunda grafia exige sua capacidade de usar a sinonímia. Logo, sendo viável trocar, pois/ já que / visto que/ uma vez que por porque, é assim que você terá de escrever, com valor semântico de explicação ou de causa, a depender do contexto. Ex.: Rodney é rubro-negro porque torce para o Flamengo. A terceira escrita é a campeã de erros. Mas isso acaba aqui! Basta perceber que POR QUE, separado e sem acento, é aquele que apresenta a razão ou o motivo para afirmar-se algo; aparecendo, portanto, não só em perguntas. 

Não à toa, o fuzileiro Lacerda apreendeu a lição. Faça como ele e, ao vir por que, teste a possibilidade de acrescentar depois dele as palavras razão ou motivo. Conseguindo, use-o sem receio. Ex.: Por que (motivo) o aluno faltou? Não sei por que (razão) o aluno faltou. Usando essa mesma explicação, a grafia por quê aparece quando estiver no final do período. Ex.: “Por que ele faltou?” “Sei lá por quê, diretor!” “Por quê?”. Resumindo: Por que Adsumus é o lema dos Fuzileiros Navais? Porque significa “Aqui estamos”. E por quê, Rodney? Porque é nossa missão. O porquê dessa expressão é demonstrar a prontidão desses militares para garantir a segurança nacional. 

Diante de toda essa exposição, acredito que o êxito alcançado pelo Fuzileiro Naval Rodney Lacerda será o de muitos, que não terão mais por que errar o uso do porquê!