Há palavras cujas múltiplas faces são inquestionáveis. Dentro da língua portuguesa, o termo QUE é hegemônico. Por conta disso, dedico esta crônica a ele. Vejamos do que o QUE é capaz! Inicio a apresentação com o período “Ora, que melhora!”, no qual “QUE” funciona como conjunção de valor explicativo. Logo pode ser substituído pela conjunção de igual valor “pois”. Ressalto que, por ter esse sentido, a vírgula é necessária. Percorrendo as facetas do QUE, o período “A palavra que eu disse foi mal-interpretada”. Nele o termo QUE se enquadra na classe gramatical de pronome relativo, substituindo “palavra” na oração “que eu disse”. Para quem se esqueceu, é válido saber que pronomes relativos são peças de encaixe que permitem aos usuários da língua fazer conexões, garantindo a fluidez de qualquer texto. Particularmente acho incrível do que o pronome relativo é capaz: impedir que a mesma palavra seja usada, o que elimina a produção de períodos simples e gera economia e agilidade na construção de textos. Vejamos o que o pronome relativo nos permite, por meio das duas sentenças. Oração 1: “O rapaz viajou”. oração 2: “Encontrei o rapaz ontem”. Fazendo a conexão entre as duas orações, de forma que fiquem interligadas, temos o seguinte período composto: “O rapaz que encontrei ontem viajou.”
Prosseguindo na observação do QUE, em períodos compostos, temos o período “Falei tanto que fiquei rouca”, no qual a palavra QUE tem valor semântico de conclusão. Outra possibilidade está presente em “Há muito tempo que não o vejo, meu amigo!”, em que o QUE tem ideia de tempo. Não é o máximo?! Não nos restam dúvidas de que o QUE é um camelão linguístico. Que lindo! Ah, nesse caso, o QUE é advérbio de intensidade, substituindo “Quão”! Que loucura! Já aqui o QUE é pronome indefinido. Antes que fiquem, como eu, fascinados pelas inúmeras classificações do QUE,deixarei para outra crônica.



