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Deleite Linguístico: Varinha, poderosa ferramenta da escrita 

Em um relacionamento amoroso, por vezes, o detalhamento de determinados episódios pode implicar uma discussão acalorada entre o casal. Levante a mão quem nunca se arrependeu de não ter omitido um fato! (Já sei, meus caros leitores, que vocês serão uníssonos no quesito ‘dizer a verdade à pessoa com quem estão se relacionando’, fornecendo-me uma extensa lista de razões para defender a tese de que “falar a verdade é primordial em uma relação”. Será? Já pensaram que o (a) outro (a) pode não ter a esperada reação (ou maturidade), ao saber, por exemplo, que seu (sua) ex estava naquela mesma festa aonde você foi e que nada aconteceu entre vocês? Ah, creio que agora entenderão minha fala. Surpreendentemente o antídoto para esse mal pode vir de uma singela colocação de uma varinha. Acalmem-se, meus amigos, já que estou apenas empregando o significado da palavra de de origem latina mais conhecida como “vírgula”.  É, meus leitores,  aquela varinha cuja magia é capaz de pôr um ponto-final em muitos embates acalorados cujo teor é fruto de suposições de um ser apaixonado e temeroso pela perda do ente enamorado! Deixando o romantismo de lado, que tal entendermos como a magia acontece? Para isso, peço que imaginem uma troca de mensagens, por WhatsApp, entre duas pessoas. Uma delas foi a um evento em que estava sua ex (que chamarei de Ana) e, a outra, por saber que sua parceira iniciaria uma discussão ao tomar conhecimento da presença da Ana, entrou em conflito entre omitir ou não esse fato à outra. Para isso, há duas possibilidades de construção de um texto na modalidade escrita. Na primeira, a verdade será dita, o que exigirá a utilização do nome Ana. Ei-la: “Amor, fui àquela comemoração, e lá estavam Fulano, Sicrano, Beltrano e Ana”. Nesse caso, não há o que fazer. A confusão está configurada. Mas, pensando melhor, é possível deixar implícito o nome da bendita Ana, usando uma apaziguadora vírgula. Observem esta versão: “Amor, fui àquela comemoração, e lá estavam Fulano, Sicrano, Beltrano.” Aqui está o encanto, concedido pela vírgula! Ao eliminar o nome Ana da listagem e usar a vírgula no lugar da conjunção ‘e’, a produtora do texto validou a leitura de que há outras pessoas que, embora não tenham sido listadas, estavam presentes na festa. (Que prova de amor mais linda, minha gente!) Sabiam disso? Pois é, a partir de hoje, quando quiserem omitir um termo sem serem chamados de mentirosos, basta, em uma enumeração,  empregarem a vírgula entre o penúltimo e o último termos. A presença dessa varinha garantirá ao usuário sua paz e a impossibilidade de ser rotulado como desleal. 

Diante dessa ferramenta, termino este texto orientando-os a usarem esse artifício com cautela, uma vez que seu (sua) parceiro (a) pode ser detentor (a) desse mesmo conhecimento! Se isso acontecer, nem a vírgula o (a) livrará de uma confusão. O máximo a argumentar é a insignificância do (a) ex, que não merecia citação no texto! 

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