Atenção, perigo!
Muito perigo: Homens egocêntricos. Mulheres ardilosas e manipuladoras. Gente viciada em jogos de azar. O diabo escapadiço que vive na Tasmânia. Sexo selvagem depois dos 78 anos. Ruas paulistanas pelas madrugadas afora. Praias longínquas e desertas ao norte de Varadero em Cuba. Abacaxi com amendoim na sobremesa de sexta-feira à noite. Lentes de contato depois da terceira caipirinha. Discussões sobre política. Pessoas que não leram um livro sequer durante a vida inteira, mas que se sentem aptas a falar sobre qualquer assunto. Filósofos pop stars da autoajuda. Coca Cola sem gelo. Sogras invejosas. Estradas sem acostamento. Filmes tipo carros batendo e tiros para todo lado. Conselhos em geral. Falsos profetas. Moralistas de plantão. Sabichões que adoram julgar e condenar, sem ao menos conhecerem o teor processual do caso. Traidores de todos os naipes através dos séculos. Covardes. Medrosos. Caluniadores. Políticos profissionais. Arrivistas e amantes despudorados da riqueza. Aduladoras belas e falsas. Cínicos e insensíveis. Dietas radicais. Jovens humoristas brasileiros e seus palavrões proferidos a cada um minuto e meio. Os totalmente sem graça. Ignorantes e abestalhados. A Maria vai com as outras. Sol no Rio de Janeiro ao meio-dia. Álcool e velocidade. Propaganda de carro. Propaganda de margarina. Propaganda de imóveis. Qualquer propaganda enganosa. Sensações artificiais de felicidade. Erotismo de segunda, grosseiro. Piadas sobre os humildes e os pobres, inocentes. Gente falando alto, quase gritando. Leite com manga. Locutores esportivos berrando até o infarto do miocárdio. Futebol inglês da série B. Galãs da TV enchendo a boca para afirmar sem modéstia alguma: “estou no auge da minha carreira”. Filmes americanos sobre a América Latina.
Perigo, muito perigo: padres modernosos com o cabelo pintado, querendo agradar a galera jovem. Todos os seres ridículos deste mundo criado por Deus. Os ingratos e capciosos. Canções piegas e sentimentais, excetuando as cantadas pelo Roberto Carlos no início de carreira que eu adoro. Luís Inácio Lula da Silva. A grande mídia e o analfabetismo funcional. Licores de menta. Sapatos apertados. Meias molhadas. Camisetas com os dizeres escritos em vermelho escandaloso: “eu amo New York”. Pessoas obcecadas até o último fio de cabelo por video game. Xingamentos em geral, especialmente o mais horripilante deles todos: “seu filho duma égua”. Os muito certinhos e arrumadinhos, parecidos com o ex-governador João Doria. Os sacripantas de todas as espécies. Os ateus debochados. Os crentes proselitistas. Os filhos e filhas do Capeta. O próprio Capeta. Os racistas da direita brasileira. Aquele arranca-rabo com um mineiro. Briga de faca com cearense. Gaúcho se achando europeu. Banqueiros posando de gente fina. Email gigante e ressentido da ex-namorada há muito tempo sumida.
Perigo, muito perigo!
Extremamente perigoso é o uso do PIX. Aliás, a palavra mais legal e divertida já inventada pela espécie humana.