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Dezembro Vermelho: um mês para romper o silêncio e transformar atitudes

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Campanha reforça que prevenir, informar e combater o estigma ainda são os maiores desafios na luta contra o HIV/Aids e demais ISTs

No mês de dezembro, o Brasil se veste de vermelho para lembrar uma realidade que insiste em permanecer atual: o HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) continuam sendo um desafio urgente de saúde pública. O Dezembro Vermelho não é apenas uma ação simbólica ou institucional; é, sobretudo, um convite coletivo à informação, ao cuidado e à responsabilidade social

Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que, embora os avanços científicos tenham transformado o HIV em uma condição crônica tratável, a transmissão do vírus segue acontecendo — muitas vezes por desinformação, preconceito ou pela falsa sensação de segurança. O problema, portanto, não está na falta de recursos ou tecnologia, mas na forma como a sociedade encara o tema.

Falar de HIV/Aids ainda significa enfrentar estigmas profundos. Desde o início da epidemia, nos anos 1980, o vírus foi associado ao medo, ao moralismo e à exclusão. Décadas depois, ainda há quem evite fazer o teste por receio do julgamento alheio. A lógica ultrapassada que associa a infecção a “grupos de risco” persiste, ignorando que o risco está no comportamento desprotegido — não na orientação sexual, gênero, identidade ou classe social.

É justamente esse ciclo que o Dezembro Vermelho precisa romper. Previnir é falar abertamente sobre sexo, uso de preservativos, testagem regular, PrEP, PEP e tratamento contínuo. É compreender que informação salva vidas porque empodera: quem sabe, se cuida; e quem se cuida, cuida do outro.A mídia e os influenciadores digitais também desempenham papel crucial nessa transformação. Em tempos de comunicação rápida e viral, conteúdos responsáveis podem levar informação segura a milhões de pessoas. Por outro lado, a disseminação de fake news pode gerar danos graves. Falar de HIV e ISTs com clareza, empatia e base científica é um compromisso ético que deve ser reforçado.O Dezembro Vermelho, portanto, não pode se limitar ao laço vermelho ou a hashtags bem-intencionadas. Ele precisa inspirar mudanças reais: no discurso, nas políticas públicas e, principalmente, nas atitudes individuais. Fazer o teste, usar preservativo, respeitar quem vive com HIV e compartilhar informação confiável são ações simples, mas transformadoras.Que este mês sirva não apenas para recordar uma luta histórica, mas para reafirmar que prevenção não é vergonha — é cuidado. E cuidado, em uma sociedade verdadeiramente comprometida com a vida, deveria ser um gesto diário, não apenas uma marca no calendário.