Jornal DR1

Dia da Consciência Negra (Parte 2)

Luís Gonzaga Pinto da Gama – O Grande Herói Da Resistência:  Nascido de mãe negra livre e pai branco, foi contudo feito escravo aos 10 anos, e permaneceu analfabeto até os 17 anos de idade. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e considerado “o maior abolicionista do Brasil”.

Luís Gama nasceu em 21 de junho de 1830, na cidade de Salvador – Bahia, filho de Luísa Mahin, uma ex-escrava africana alforriada, e de um fidalgo de família portuguesa, que morava na Bahia. Aos sete anos, sua mãe viajou para o Rio de Janeiro para participar da revolta da Sabinada, nunca mais o reencontrando. Já em 1840, o pai endividado com jogos de azar, vendeu de Luís Gama como escravo para pagar suas dívidas.

Quando adulto, Gama entendeu que ao ser vendido ele foi vítima do delito de “Reduzir a escravidão a pessoa livre, que se achar em posse da sua liberdade.“, previsto no Artigo 179 do Código Criminal do Império do Brasil, sancionado pouco após seu nascimento. Além disto, devido ao fato de que as revoltas ocorridas na Bahia tenham levado a proibição da venda dos escravos desta província para outras regiões do Brasil, a venda e transporte de Luís Gama para São Paulo se constituiu como contrabando.

Gama tinha diabetes. Na manhã do dia 24 de agosto de 1882 ele havia perdido a fala e apesar da intervenção de mais de 20 médicos, esta foi a causa mortis que o vitimou naquela tarde, atestada pelo médico Jaime Perna.

Com a promulgação da Lei do Ventre Livre em 1871, Gama conseguiu mais alforrias de escravizados. Embora atuasse principalmente na defesa dos negros acusados de crimes, dos que fugiam ou para buscar lhes a alforria judicialmente, não se negava a atender graciosamente aos pobres de qualquer etnia, havendo casos em que defendera imigrantes europeus lesados por brasileiros. Gama também ajudava os escravos recém libertados a encontrar um emprego.

Em sua carta autobiográfica a Lúcio de Mendonça, Gama estima que já havia libertado do cativeiro mais de 500 escravos e num caso judicial de 1869, conhecido como “Questão Netto“, Gama garantiu a liberdade de 217 escravos, num ato considerado como a “maior ação coletiva de libertação de escravizados conhecida nas Américas”, de acordo com a BBC.

Intelectual negro no Brasil escravocrata do século XIX, o único autodidata e o único a ter passado pela experiência do cativeiro. Pautou sua vida na luta pela abolição da escravidão e pelo fim da monarquia no Brasil, contudo veio a morrer seis anos antes da concretização dessas causas. Em 2018 seu nome foi inscrito no Livro de Aço dos heróis nacionais depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.

Confira também

Nosso canal

RADIO DR1 - PROGRAMA INSPIRA AÇÃO - 22 NOV 24