Dia 2 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data que tem como objetivo levar informações para a população, além de combater a discriminação e o preconceito que afetam as pessoas que sofrem com o transtorno.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo possuem o Transtorno do Espectro Autista, uma condição que compromete, de alguma forma, a linguagem, a comunicação e a socialização.
“O autismo está ligado à dificuldade parcial ou total nas áreas da comunicação e na interação social. Vale ressaltar que ele não é uma doença, mas um transtorno mental do desenvolvimento, que já nasce com a criança e não tem cura”, explica Roseli Miranda, psicóloga especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e atendimento em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
Como as principais características da síndrome estão relacionadas ao desenvolvimento de habilidades sociais, comunicação e linguagem, interesses, comportamentos repetitivos e um processamento sensorial diferenciado, a percepção e a interpretação dos acontecimentos podem ser totalmente diferentes em autistas, o que pode causar reações desproporcionais, incomuns e indiferentes.
Uma criança típica (sem o transtorno), por exemplo, consegue ficar sentada na sala de aula das 7 horas ao meio-dia. Já uma criança atípica, como o autista, consegue frequentar normalmente uma sala de aula, mas com algumas particularidades: nesse período, faz de duas a três lições adaptadas para ela e depois vai ao banheiro, bebe água, dá uma volta pelo pátio, para respeitar sua individualidade e seu processo de aprendizagem.
Para Roseli, é sempre importante frisar que nenhum autista é igual ao outro, cada um vai reagir de uma forma diferente em determinadas ocasiões, mas um ponto bastante comum é a sensibilidade auditiva.
“A audição do autista é muito mais aguçada, então algumas situações podem ser gatilho para crises, por exemplo, pessoas cantando parabéns e batendo palma em uma festa de aniversário, sinal da escola, despertador para acordar, relógio contando os segundos, entre outros”, comenta a especialista.
O diagnóstico do TEA é feito por meio de uma equipe multidisciplinar e o tratamento deve agir para promover bem-estar e qualidade de vida. A psicóloga explica que antes de iniciar o tratamento é preciso entender em qual área o paciente autista precisa de atenção naquele momento.
“Se ele apresenta dificuldades na fala, será necessário trabalhar com uma fonoaudióloga; se apresenta dificuldades na interação social, teremos que trabalhar com terapia em grupo e individual, sessões de arteterapia, educação física. O tratamento é multiprofissional baseado na demanda de cada um”, esclarece Roseli.
Uma característica importante da síndrome é a necessidade de receber estímulos e ter uma rotina, por isso, uma metodologia bastante utilizada é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Essa intervenção consiste em apresentar várias vezes um comportamento para o paciente até ele ser absorvido; até o paciente entender a demanda que está sendo estimulado a fazer.
A psicóloga também fala sobre a importância da inclusão social da criança com TEA, que deve sempre ser estimulada, respeitando suas condições. “A inclusão social do autista é muito importante por diversos motivos, mas um ponto muito interessante é: eles podem aprender por imitação. Ou seja, se eles estão em uma sala de aula onde as outras crianças escrevem com lápis, pegam o tubo de cola, ficam em silêncio durante a aula; se estão em contato com a família que se senta à mesa para as refeições, que conversa e respeita uns aos outros, eles vão internalizando essas ações e adquirindo esses novos comportamentos”, conclui.