Por Franciane Miranda
Toda a biodiversidade do planeta está interligada, formando seus ecossistemas, dos quais dependemos para sobrevivermos. A presença humana e suas ações têm contribuído diretamente para as mudanças climáticas e para degradação dos biomas terrestres. Com este tema em foco, a Organização das Nações Unidas (ONU), junto com os chefes de Estado dos principais países do mundo assumiram o compromisso com Agenda 2030, um plano de ação com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O 15º objetivo trata da proteção, recuperação e promoção do uso sustentável dos ecossistemas terrestres, para gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e da perda de biodiversidade. O ODS 15 detalha o quanto tudo isso é essencial e como as nações podem gerir e promover políticas de gestão sustentável.
De acordo com dados divulgados pela própria ONU, todos os anos cerca de treze milhões de hectares de florestas são destruídos. Elas são fonte de sobrevivência para aproximadamente 1,6 bilhão de pessoas. Nestes espaços vivem e dependem de forma direta 70 milhões de indígenas.
Os danos causados a este bioma provocam sérios impactos na fauna global, pois elas abrigam mais de “80% de todas as espécies de animais, plantas e insetos terrestres”, mostram as pesquisas da ONU. Outro dado importante: nas áreas rurais de países menos desenvolvidos, 80% da população extraem das plantas a matéria-prima usada na medicina tradicional para cuidar da saúde.
“Assegurar a conservação, recuperação e uso sustentável de ecossistemas terrestres e de água doce interiores e seus serviços, em especial florestas, zonas úmidas, montanhas e terras áridas, em conformidade com as obrigações decorrentes dos acordos internacionais”, destaca a ONU.
Danos devastadores
A agricultura mundial tem causado enormes impactos negativos ao solo, fonte de subsistência para aproximadamente 2,6 bilhões de seres humanos. A ONU alerta que 52% dos espaços usados nesta atividade passam por degradação e, por isso, umas das metas para a próxima década é recuperar as áreas que já foram prejudicadas em todos os aspectos possíveis.
As pesquisas apontam que todos os anos a seca e desertificação acarretam danos devastadores, com a perda de 12 milhões de hectares, ou seja, 23 hectares por minuto. E os dados são ainda mais alarmantes: nestes lugares poderiam ter sido plantadas o equivalente a 20 milhões de toneladas de grãos.
Outro ponto fundamental é combater o tráfico de espécies da flora e fauna, acabando com a caça ilegal de espécimes ameaçadas e raras. Das 8.300 raças de animais já registrados, 22% estão ameaçadas e 8% já estão extintas, segundo informações das Nações Unidas. Todos os países precisam ampliar e reforçar sua capacidade de proteção dos animais ameaçados e, com isso, diminuir as chances do seu extermínio. Assegurar a preservação e acabar com a destruição dos seus habitats naturais é o caminho.
Para a ONU, é importante criar fundos financeiros e aumentar estes incentivos de todas as fontes possíveis destinando “para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas”, além de mobilizar e encaminhar tais recursos aos países em desenvolvimento, para que eles possam promover e gerir ações ligadas ao manejo florestal sustentável e o reflorestamento, detalha. Ela destaca ainda o quanto é importante o apoio dos líderes globais para promover e impulsionar esses esforços, sobretudo estimulando as comunidades locais a procurarem formas sustentáveis de sobreviverem, ampliando o seu papel e sua participação na convivência harmoniosa com o meio ambiente.