A Polícia Civil de Mato Grosso identificou que um traficante do CV preso em Niterói era o chefe de um esquema milionário de raspadinhas ilegais que operava em mais de 20 cidades do estado. O criminoso, identificado como Ederson Xavier de Lima, conhecido como Boré, foi capturado em uma praia da Região Metropolitana do Rio no fim de setembro.
De acordo com as investigações, Boré administrava o negócio à distância, usando apenas o celular. Ele recebia pagamentos, controlava contas bancárias e supervisionava núcleos regionais responsáveis pela venda das raspadinhas clandestinas. A quadrilha usava empresas de fachada e movimentou mais de R$ 3 milhões em seis meses, destinando até 80% dos lucros à facção Comando Vermelho, para financiar compra de armas e pagamento de integrantes.
A Operação Raspadinha do Crime, deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), cumpriu 21 mandados de prisão, 54 de busca e apreensão e determinou bloqueio de bens avaliados em mais de R$ 1,1 milhão. A ação teve apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) e foi autorizada pela 5ª Vara Criminal de Sinop.
Para dar aparência de legalidade, o grupo criou a marca “Raspa Brasil”, promovida nas redes sociais por influenciadores digitais, inclusive menores de idade. Os vídeos divulgavam falsos ganhadores e prêmios inexistentes, atraindo apostadores com promessas de valores de até R$ 50 mil. No entanto, nenhum bilhete premiado ultrapassava R$ 100.
O pagamento era feito por QR Code, redirecionando os supostos ganhadores a um número de WhatsApp controlado pela quadrilha. As raspadinhas eram distribuídas com notas fiscais falsas e revendidas em bares e mercados. Comerciantes que se recusavam a participar eram intimidados por membros da facção, segundo a polícia.
Cada cidade contava com um líder local do Comando Vermelho responsável por vendas e prestação de contas. Um manual interno detalhava o repasse dos lucros e o controle financeiro, garantindo que o dinheiro retornasse ao caixa central da organização.
As autoridades continuam investigando influenciadores e empresários que colaboraram com o grupo. O esquema é considerado um dos maiores casos recentes de exploração de jogos ilegais no país e reforça a expansão interestadual das atividades do Comando Vermelho.





