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É samba de primeira!

Espetáculo conta a história de Ismael Silva e da raiz do samba

O samba foi desde o seu nascimento perseguido e marginalizado. Por ser uma manifestação cultural da classe trabalhadora, dos negros,que expressava  o modo de vida e a sua visão de mundo, foi duramente perseguido pela sociedade. A estreia do espetáculo musical  “Professor Samba: uma homenagem a Ismael Silva”,  neste último sábado (21/09) na Arena do Teatro Sesc Copacabana contou um pouco dessa história. Em uma das cenas, um policial confisca o pandeiro do jovem Ismael e dá uma dura nele, comparando a profissão de artista à vadiagem. Mas o ritmo que começou a margem, considerado subversivo, ganhou o mundo e conquistou milhões de pessoas. 

Em cena, os atores  Édio Nunes, Jorge Maya e Milton Filho se revezam no palco e dão vida a Ismael Silva e diversas outras figuras, buscando resumir um pouco da biografia do homenageado e contar a história do samba, o que fazem com maestria. Além dos atores, cinco músicos costuram a apresentação de forma majestosa, com clássicos de Ismael.

A peça conta a trajetória de Ismael, suas aventuras e desventuras e, principalmente, sua importância na história do samba. Ele, com um grupo de sambistas do bairro do Estácio, fundou o bloco que se tornaria o precursor da primeira escola de samba de que se tem notícia: a  Deixa Falar, que desfilou nos anos de 1929, 1930 e 1931. Também mostra sua parceria e amizade com Nilton Bastos e a aproximação com Francisco Alves, que se impressionou com a qualidade de suas composições. Após a morte do amigo Nilton, Ismael inicia uma parceria com Noel Rosa, que também rendeu muitos sambas de primeira. 

A história da malandragem, da boemia e do samba leva o espectador a voltar no tempo, se emocionar, se indignar com as injustiças, conhecer mais sobre Ismael e o samba e se divertir. O texto de Ana Veloso é primoroso e nos dá a dimensão exata da vida de Ismael, seus sonhos, suas crenças, seus medos e, principalmente, seu amor pelo samba. Os três atores interpretam, dançam e cantam lindamente, o que leva a plateia a aplausos constantes durante o espetáculo. E, no final, não poderia ser melhor com o convite para todos irem para o meio da Arena cantar e dançar ao som de “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, enredo apresentado pelo Império Serrano no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro de 1982. Um encerramento apoteótico, digno do espetáculo, que fica no Sesc Copacabana até 20 de outubro.

  • Temporada: De 19 de setembro a 20 de outubro de 2024.
  • Dias / horários: Quinta a domingo – às 20h.

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