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Ecossistema oceânico salvando o mundo com algas marinhas

 

Em uma enseada em Bamfield, uma comunidade costeira no Canadá, Louis Druehl colhe cuidadosamente, por décadas, algas marinhas pelas águas frias do Pacifico. Referido por alguns como o “guru das algas marinhas” ou por outros, como o “avô das algas marinhas”, Druehl, foi o primeiro operador comercial de algas marinhas na América do Norte quando começou a cultivar algas marinhas, em 1982.

Embora as florestas tenham sido consideradas a melhor defesa natural contra as mudanças climáticas, os pesquisadores descobriram que as algas marinhas são de fato a forma natural mais eficaz de absorver as emissões de carbono da atmosfera. Ao contrário do plantio de árvores, as algas marinhas não requerem água doce ou fertilizantes e crescem muito mais rápido. Mas a maior vantagem comparativa é que elas não competem pelas áreas de terra para o plantio. “Quando estamos plantando árvores, precisamos ter certeza de que isso não retire essa área da produção de alimentos”, “Mas isso não é um problema com as algas marinhas”, diz Katie Lebling, pesquisadora da World Resources Institute, que estuda a melhor forma de retirar carbono da atmosfera.

As algas também podem ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa de outras maneiras: adicionar Asparagopsistaxiformis, uma espécie de alga vermelha, à alimentação do gado reduz a produção de metano expelida pelo gado de corte em até 95%.

Dadas as preocupações sobre o impacto ambiental de comer carne, as algas, que são uma fonte de proteína podem ser uma fonte de alimento ecologicamente correta e repleta de nutrientes nos próximos anos.

Ronald Osinga, da Universidade de Wageningen, na Holanda, descobriu que o cultivo de fazendas de “vegetais marinhos” totalizando 180.000 quilômetros quadrados, aproximadamente o tamanho do estado do Paraná, poderia fornecer proteína suficiente para o mundo inteiro.

Pensando em alimentar a população mundial até 2050 de uma forma que não prejudique o meio ambiente, só há um caminho: expandir a agricultura de algas marinhas, diz Carlos Duarte, pesquisador de oceanografia biológica e ecologia marinha.

Expandir o cultivo de algas marinhas também pode ter impactos sociais benéficos oferecendo oportunidades de emprego para as comunidades, onde as taxas de desemprego forçaram algumas pessoas a deixar a região em busca de trabalho. Já é totalmente possível elaborar projetos de treinamento em agricultura, gerando emprego, cultivando algas marinhas para alimentação.

Embora a pesquisa sobre algas marinhas como solução para as mudanças climáticas tenha aumentado significativamente na última década, as descobertas não são novas para Druehl, que na década de 1970 já estudava esse potencial das algas.

Desde 2014, as algas marinhas estão cada vez mais no centro das atenções como uma solução para as mudanças climáticas devido à sua capacidade de compensar o carbono, ser uma fonte de alimento sustentável e suas propriedades regenerativas para os ecossistemas oceânicos. Nos últimos cinco anos, vários artigos acadêmicos foram publicados sobre as algas marinhas como uma solução para a mudança climática e vários projetos de cultivo de algas marinhas surgiram em todo o mundo.

Os pesquisadores dizem que “As algas marinhas têm uma gama de aplicações além do armazenamento de carbono que podem ser uma parte da solução”, esse cultivo em escala global também apresenta riscos ecológicos. Muitas algas marinhas podem impactar negativamente, gerando CO2 se não utilizadas, assim como a quantidade de luz que desce para outras espécies afetando os processos de fotossíntese, e podem ter efeitos perigosos nos ecossistemas ao remover muitos nutrientes dos ecossistemas selvagens.

A matemática pode ajudar nesse entendimento. A Floresta Amazônica, no Brasil, ocupa na sua totalidade 2,4 milhões de Km2, o que representa uns desprezíveis 0,8% da superfície dos oceanos. Portanto, “O oceano está chegando, a maré está subindo, podemos correr e nos esconder e construir paredes de mar, ou podemos virar e abraçar o mar como uma solução para a mudança climática”. Plantar árvores não é a única solução que temos.

Por: Sérgio Vieira/ Engenheiro e Jornalista  MTb 38648RJ

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