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Elói Antero Dias: um pioneiro do samba e também das escolas 

Divulgação

Mano Elói, nome artístico de Eloy Antero Dias, nasceu em 1888  na região de Engenheiro Passos, distrito de Resende, Rio de Janeiro. Ainda jovem, por volta dos 15 ou 16 anos, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, em busca de novas oportunidades. 

Na capital, Mano Elói teve várias ocupações, trabalhou como vendedor de balas (baleiro) no Campo de Santana, foi estivador no cais do porto, participou de atividades sindicais e se envolveu com música e religiosidade afro-brasileira. Ele era também pai-de-santo e praticante de jongo, macumba e manifestações religiosas de matriz africana. 

No mundo da música, Mano Elói se destacou como cantor, multi-instrumentista e compositor de samba e dos chamados “pontos de macumba”.  Ele frequentava rodas de samba nos morros da Favela, Morro da Serrinha, Mangueira, entre outros espaços de sociabilidade negra no Rio de Janeiro. 

Identidade negra e resistência

A trajetória de Mano Elói é também a de um líder negro que se posicionou entre espaços de trabalho, cultura e religiosidade: 

 Foi fundador e incentivador da formação de escolas de samba. São exemplos a Deixa Malhar no Largo da Segunda-Feira, na década de 1930, o Império Serrano no morro da Serrinha, em 1947 escola de samba que foi ativo até a sua morte. Além de instituições que uniram as reivindicações desse modelo de carnaval, como a União das Escolas de Samba e a Federação das Escolas de Samba. Foi um dos personagens que enxergaram no samba e nas escolas de samba, meios de tirar o negro do local da informalidade.

Ele presidiu o Sindicato da Resistência dos Trabalhadores em Trapiche e Café, entre 1947 e 1950

A atuação sindical inseria Mano Elói no campo das lutas por direitos trabalhistas, sobretudo para os trabalhadores portuários negros, frequentemente explorados e marginalizados.

As práticas religiosas de Mano Elói revelam como ele transitava entre diferentes domínios culturais e espirituais — e como essas dimensões foram centrais para a afirmação da identidade negra urbana no Rio de Janeiro. 

Em estudos acadêmicos, sua trajetória é usada como exemplo de como o samba e as escolas de samba funcionaram também como modos de “tirar o negro do local da informalidade” — ou seja, de legitimar, institucionalizar e dar visibilidade às manifestações culturais negras dentro da “respeitabilidade” exigida por normas sociais e legais da época. 

Legado e homenagens

A quadra de ensaios do Império Serrano leva o nome “Elói Antero Dias” em homenagem a ele.

Em 2022, o Império Serrano e o projeto NegroMuro inauguraram um painel artístico em sua homenagem na quadra da escola, exibindo símbolos de sua vida: o jongo, o samba, sua atuação no sindicato, os pontos religiosos e a referência à escola. 

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