O recente Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro, trouxe novamente à tona muitas informações necessárias para se entender um pouco mais da realidade brasileira. Historicamente, os direitos da população negra têm sido negados, desde o crime histórico de sequestro de seus ancestrais, tirados a força da África para a escravidão. Com muita luta e resistência no decorrer de décadas, direitos básicos foram garantidos por lei, mas constantemente são negados em sua plenitude, como saúde, educação, segurança, moradia, transporte e daí em diante.
Cresce alarmantemente o número de jovens negros e pobres assassinados nas periferias das cidades. Como se isso não bastasse, a falta de investimentos em educação e os cortes de verbas destinadas a esta pasta colocam jovens negros em um beco sem saída, causando o sucateamento das escolas e instituições de ensino superior. Quanto ao mundo do trabalho, essa mesma juventude está no topo dos índices de desemprego, restando-lhe o trabalho informal e precarizado.
Estas práticas ainda existentes nos dias de hoje nos fazem questionar qual a abolição que se comemora no dia 31 de maio, pois as coisas estão se repetindo, ainda que não nas proporções do tempo da escravidão. Afinal, a desigualdade em base à discriminação racial está aí, viva, latente. Quanto a isso, nos vem à memória o lema do movimento negro quando do centenário da Lei Áurea, em 1988: “Nada mudou? Vamos mudar!”
Garantir a plena igualdade, independente de qualquer fator, inclusive a questão racial, é um desafio para todos os brasileiros. Lutando contra todo tipo de opressão e exploração é que poderemos realmente construir – ou reconstruir – um país melhor. Esse objetivo está aí, à disposição de qualquer um que se diga a favor da cidadania.