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Em despedida privada com equipe, Mandetta fala em risco de colapso na saúde

Henrique Mandetta será ouvido pela CPI da Pandemia (Foto: Agência Brasil)

Antes de deixar o Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta falou sobre ingratidão e risco de colapso no sistema de saúde do país. As declarações ocorreram em uma cerimônia informal para colocar a sua foto na galeria de ex-ministros, acompanhada pelo jornal Folha de S.Paulo.

Nesta despedida privada, ocorrida algumas horas depois de o presidente Jair Bolsonaro anunciar a sua demissão, Mandetta fez um discurso de cerca de dez minutos para servidores e assessores, após ouvir aplausos, cantorias e falas emocionadas de aliados.

Ele começou falando sobre a Santa Irmã Dulce, religiosa brasileira canonizada recentemente. Por sua solicitação, um quadro da santa católica estava colocado no local. Ele usou do exemplo da santa para se referir ao desafio de implementar medidas de isolamento social durante a pandemia de coronavírus, alvo de críticas de Bolsonaro.

“A obra dela era uma obra para gente pobre, gente da rua de Salvador, que ela nunca negou, nunca fechou a porta. Tudo o que fizemos aqui foi pensando nos mais humildes. No dia que gente desse ministério me falou como era o ônibus que vinha para cá, o grau de proximidade das pessoas, vamos falar em isolamento social como? O SUS vai pagar a conta de séculos de negligência, de favela, de falta de saneamento básico, de falta de cuidado com o povo mais humilde que é a grande massa trabalhadora desse país”, continuou.

“O que é falar para eles: ‘vão trabalhar, por que temos que passar por isso rápido’? Se passar por isso rápido significa estressar muito além do razoável o sistema de saúde”, disse Mandetta, indicando que há risco de um colapso no SUS. “Quando a gente vê o sistema de saúde dos Estados Unidos, quando vê Nova York em colapso, Chicago em colapso, a gente pensa no nosso Brasil e nesse povo daqui e fala: Santa Dulce, nossa senhora, ajuda”.

Ele expressou preocupação com o relaxamento de medidas de isolamento, que poderiam levar a um comprometimento do sistema de saúde como visto na Europa, e disse que idosos “não são e nunca serão descartáveis sob o argumento da economia que for”, em uma indireta a Bolsonaro.

“O Padre Antônio Vieira falava: se tudo que fizeres pela pátria, e ela ainda assim lhe for ingrata, não tereis feito mais do que sua obrigação”, disse. Mandetta esteve à frente do ministério por três meses e 16 dias.

Com informações de Fórum / Foto: Marcello Casal Jr. (Agência Brasil)

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