Referência mundial pelo Programa Nacional de Imunizações, o Brasil sempre dependeu de outros países para a importação de vacinas ou licenciamento para produção local. Mas este cenário está prestes a mudar. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, destacou, no pronunciamento em rede nacional de TV e rádio, na última terça-feira (29), as ações do Governo Federal, coordenadas pelo MCTI, no combate à pandemia da Covid-19, com destaque para o financiamento de vacinas nacionais contra o coronavírus.
“Sempre importamos ou copiamos tecnologias. Então, da concepção estrutural da vacina até os braços dos brasileiros, a tecnologia nunca foi concretizada no país. A 1ª vacina do mundo foi criada em 1796, de lá para cá nenhuma vacina foi desenvolvida com tecnologia brasileira”, ressaltou no discurso o ministro.
A história está mudando graças ao financiamento do MCTI a 15 estudos com imunizantes nacionais. Um deles, a vacina RNA MCTI CIMATEC HDT, já passou por análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e está em fase de testes clínicos. O objetivo é que o Brasil tenha em breve a primeira vacina produzida no país com tecnologia 100% nacional, passando de importador para produtor autossuficiente e até exportador de imunizantes.
“Graças ao trabalho dos nossos cientistas, apoiados pelo Governo Federal, em poucos meses poderemos dizer que o Brasil tem soberania no desenvolvimento e na produção de vacinas. Todas as vacinas”, pontuou o ministro.
A iniciativa abre espaço para outros avanços, como o uso dessas tecnologias para proteger a população brasileira contra outras doenças negligenciadas como a dengue, zika e chicungunha.
Durante o discurso, Marcos Pontes destacou também a parceria coordenada pelo MCTI para o desenvolvimento do Centro Nacional de Tecnologias de Vacinas (CN Vacinas), que possibilitará aos cientistas brasileiros terem condições de produzir as vacinas no país. Outros importantes anúncios foram os investimentos na ampliação da capacidade operacional do acelerador de partículas brasileiro, o Sirius, e a construção de um Laboratório de Biossegurança Nível 4 dentro da infraestrutura.
“Seremos o único país do mundo com uma estrutura deste porte. Essa estrutura garante que nossos pesquisadores terão condições de estudar e trabalhar com vírus de altíssima letalidade, como do Ebola, por exemplo e também garante a possibilidade de estudar o vírus em nível molecular para a partir daí desenvolver e produzir vacinas e medicamentos com mais rapidez e precisão”.
Ao final do discurso o ministro do MCTI lembrou que na quarta-feira (30) foi o aniversário da Missão Centenário. “Há 16 anos este cientista e astronauta, colocava o Brasil no topo da ciência mundial numa missão espacial na NASA. Foi a única vez que um brasileiro alcançou o espaço para pesquisar o mundo. Portanto acredite na ciência brasileira”, finalizou.