Jornal DR1

Encanto, crítica social e emoção na Marquês de Sapucaí

Por Claudia Mastrange

Um deslumbre de cores, criatividade e emoção. Assim foi o primeiro dia de desfiles das escolas de samba do grupo especial na Marquês de Sapucaí, no domingo, 23. Estácio, Viradouro, Mangueira, Grande Rio, Paraíso do Tuiuti, União da Ilha e Portela levantaram o público do Sambódromo. Destaque para o Cristo de múltiplas faces da Mangueira, a sereia ginasta da Viradouro e a força do enredo da Grande Rio. Nesta segunda (24 ) será a vez de São Clemente, Vila Isabel, Salgueiro, Unidos da Tijuca, Mocidade e Beija-Flor desfilarem na Sapucaí.

Grandiosidade dos carros: deslumbre (Foto Diário do Rio)

Logo na abertura, a Estácio de Sá, de volta ao grupo especial, após quatro anos, e capitaneada pela respeitadíssima carnavalesca Rosa Magalhães, detentora de nove títulos, entrou com garra na avenida. O enredo ‘Pedra’ foi defendido com empolgação e samba no pé e belas alegorias, como Abre-Alas, que mostrava do primitivismo às viagens à lua.

 

A atleta Anna Giulia encarnou uma linda sereia (Foto Riotur)

A Viradouro chegou chegando à avenida. A agremiação de Niterói deu um banho de criatividade e beleza ao levar para o desfile um tanque com 7 mil litros de água em que a atleta da seleção brasileira de nado sincronizado Anna Giulia, tornou-se uma bela sereia que ficava até um minuto submersa, evoluindo. Tudo a ver com o enredo da escola ‘Viradouro de alma lavada’, que homenageou as ‘ganhadeiras de Itapuã’.

 

O Cristo negro crucificado (Foto Diário do Rio)

Honrando a expectativa em torno de seu enredo, a Mangueira, campeão de 2019, emocionou, mostrando Jesus Cristo que pode assumir várias faces e, por que não? Nascer na favela ou vir ao mundo na forma feminina, como representou a rainha de bateria Evelyn Bastos. Ela encarnou ‘Jesus Mulher’, com respeito e graça. No fim o Cristo crucificado, era negro e as marcas de pregos foram substituídas por marcas de tiro. Qualquer semelhança certamente não é mera coincidência.

 

O desfile da Grande Rio foi marcado pela força espiritual do enredo, que contou a  história do pai de santo Joãozinho da Goméia, mas também por alguns sustos. Ainda na armação, com os primeiros componentes entrando, o imenso Abre Alas quebrou o chassi e não conseguia entrar na avenida. Abriu-se um grande espaço, mas logo o problema foi contornado e o carro passou já com pequenas avarias. No decorrer do desfile um outro carro deu problema , o que pode fazer com que a escola perca pontos nos quesitos evolução.

Atriz Paolla Oliveira brilhou como rainha da Grande Rio (Foto Fred Pontes)

A União da Ilha apostou na crítica social e, logo na abertura apresentou um carro representando uma comunidade, com o sobrevoo de um helicóptero, cena comum no cotidiano do Rio e Janeiro. A escola, no entanto, teve problema com um dos carros e, no final, precisou correr muito, mas estourou em um minuto o tempo regulamentar para o desfile.

O fictício encontro de dois ‘Sebastiões’ – o padroeiro do Rio São, Sebastião e o rei português Dom Sebastião – foi o enredo da Paraíso do Tuiuti. A ideia era pedir proteção em dobro para o Rio. Destaque para os bonecos realistas, representando pessoas da comunidade e a estreia da apresentadora Lívia Andrade como rainha de bateria.

 

A Portela encerrou o primeiro dia de desfiles (Foto Riotur)

A águia da Portela soltou seu tradicional grito para encerrar o primeiro dia de desfiles com chave de ouro, ou melhor, com um mar azul. As cores da Portela encheram de cor e brilho a avenida, na hora em que o dia começava a clarear

 

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