O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou na terça-feira (18) que a Polícia Federal foi acionada para investigar uma possível quebra de confidencialidade nos pré-testes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, após a anulação de questões da prova. A declaração foi dada em entrevista à TV Verdes Mares, no Ceará.
“Nós acionamos a Polícia Federal porque as pessoas que fazem esse pré-teste não podem divulgar o conteúdo. Há uma questão de confidencialidade”, disse Santana.
O ministro não detalhou qual avaliação teria sido alvo da quebra de sigilo, alegando a necessidade de preservar a segurança do processo de elaboração do Enem.
Questionado sobre a existência de termos de confidencialidade assinados por participantes da testagem, Santana respondeu que “eles não sabem que estão fazendo o pré-teste”.
Nas redes sociais, o estudante de medicina Edcley Teixeira — envolvido na polêmica — afirmou ter memorizado perguntas do Prêmio CAPES Talento Universitário e que questões da prova seriam posteriormente utilizadas no Enem. Ele negou ter assinado qualquer termo e afirmou que o concurso é “completamente normal”.
O Inep não confirmou qualquer relação entre os dois exames.
Origem da polêmica
Cinco dias antes da segunda etapa do Enem, Edcley exibiu, em uma live, ao menos cinco questões muito semelhantes às da prova oficial. A repercussão levou o Inep a anular três questões do exame de 2025.
O estudante vende serviços de mentoria para vestibulandos e insiste que não teve acesso a material sigiloso. Segundo ele, suas previsões seriam fruto de técnicas legais, como memorizar perguntas do Prêmio CAPES, que acreditava servirem de pré-teste para o Enem.
Em nota, o Inep afirma que os protocolos de segurança foram cumpridos e que as questões apresentadas por Edcley apresentam apenas “similaridades pontuais”, sem serem idênticas às do exame. A autarquia solicitou que a PF investigue a conduta e possível responsabilidade pela divulgação indevida de itens sigilosos.
Como são criadas as questões do Enem
As perguntas do Enem são selecionadas do Banco Nacional de Itens (BNI). O processo envolve:
– elaboração por especialistas;
– validação pedagógica;
– pré-testagem com estudantes.
A pré-testagem avalia dificuldade, discriminação e qualidade das questões, orientando sua aprovação ou descarte. Não há confirmação de que o Prêmio CAPES faça parte desse processo.
A montagem da prova considera os resultados do pré-teste, a matriz de referência e a Teoria de Resposta ao Item (TRI), usada para garantir consistência entre edições.
O que diz Edcley
O estudante afirma ter identificado colaboradores credenciados pelo Inep e analisado artigos de autores possivelmente envolvidos na elaboração de itens. Ele diz ter criado um “algoritmo” para mapear padrões na formulação das questões. Nenhuma dessas relações foi confirmada oficialmente.




