O entrevistado dessa semana foi Marcelo Bossois, médico alergista que criou o projeto Brasil sem Alergia. A iniciativa oferece tratamento médico gratuito em Caxias, Realengo, Nova Iguaçu e Iguaba Grande. O Projeto Brasil Sem Alergia é uma organização com fins de inclusão social que tem o objetivo de agregar, ao tratamento de alergia, classes sociais que não possuem condições de tratar com procedimentos específicos, sua condição clínica de alérgico (www.brasilsemalergia.com.br). Confira o bate-papo!
JDR1 – Como nasce a ideia do Brasil Sem Alergia? Quando o projeto foi criado?
MB – Há cerca de 15 anos, nascia o sonho de criarmos um projeto social que pudesse oferecer tratamento gratuito e de qualidade em alergias para moradores carentes da Baixada Fluminense, em uma região cercada de indústrias, com grande prevalência de alergias dermatológicas e respiratórias. Em 2007, minha esposa Patricia Schlinkert e eu tirávamos essa ideia do papel. Ali surgia o Brasil Sem Alergia, um motivo de muito orgulho para nós. Em um primeiro momento, com um posto no Parque Fluminense, em Duque de Caxias. Era um projeto pequeno, ainda com tímidos atendimentos. Com o passar dos anos, ganhou relevância e abrimos novas unidades. Fechamos parcerias com a Cruz Vermelha, parceiro fundamental para o Brasil Sem Alergia. Atualmente, temos cinco postos espalhados pelo Estado do Rio, sendo três na Baixada (Duque de Caxias, Xerém e Nova Iguaçu), um em Realengo, na Zona Oeste do Rio, e outro em Iguaba Grande, na Região dos Lagos, em parceria com a Cruz Vermelha de lá. O projeto realmente ganhou uma grande capilaridade, hoje presente na vida de muita gente, em particular a população da Baixada Fluminense, onde está boa parte da nossa presença. Além das unidades fixas, levamos atendimento gratuito a regiões remotas Brasil afora por meio de um ônibus ambulatório.
JDR1 – Quais serviços vocês oferecem?
MB – No Brasil Sem Alergia, oferecemos uma gama de serviços de prevenção, identificação e controle de todos os tipos de alergias, alimentar, dermatológica, respiratória. Sem qualquer custo, realizamos atendimentos médicos com especialistas, testes alérgicos variados para avaliação do quadro clínico, além de orientação multidisciplinar, para um diagnóstico diferencial. Temos também a espirometria (ou prova de função pulmonar), exame fundamental para o diagnóstico de doenças respiratórias, a preço popular. A partir da avaliação clínica, oferecemos também a imunoterapia (vacinas contra as alergias) a custo de fabricação, e fisioterapia respiratória. Adicionalmente, temos um centro de nebulização e estudamos inaugurar um centro de reabilitação pós-Covid. No projeto, temos o compromisso de tratar o paciente realmente do início ao fim.
JDR1 – Os atendimentos ocorrem só nas unidades do Brasil Sem Alergia?
MB – A gente realiza também ações itinerantes, dentro e fora do Rio, por meio de um ônibus ambulatório. Durante a pandemia, levamos atendimento gratuito a diversas localidades no interior dos Estado do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, sempre com foco na prevenção e conscientização da população. No período, oferecemos tratamento gratuito para milhares de pacientes fora das nossas unidades, a convite de prefeituras locais. Estamos abertos a novas ações itinerantes.
JDR1 – Quantas pessoas já foram atendidas?
MB – Ao longo desses 15 anos, transformamos a realidade de muita gente, particularmente a população mais carente do país, levando saúde e qualidade de vida para centenas de milhares de pessoas que não poderiam arcar com um tratamento na rede particular. São mais de 500 mil pacientes. É muita gente. Muitas histórias, muitos relatos, milhares de pessoas que realmente tiveram suas vidas transformadas. Gente que vivia internada por conta de asma. Paciente que não conseguia dormir com tosse, chiado no peito, respiração ofegante. Gente que não sabia mais o que fazer de tanta dermatite espalhada pelo corpo. São centenas e centenas de pacientes todas as semanas. A gente fica muito feliz quando consegue fazer a diferença na vida do paciente, isso não tem preço. Eu tenho muito orgulho do trabalho que desenvolvemos até aqui, e espero que possamos fazer ainda mais pela população do Rio e do país como um todo, seja em nossas unidades, seja através de ações itinerantes em outros estados.
JDR1 – Quem pode ser atendido?
MB – O Brasil Sem Alergia está à disposição de toda a população nas regiões onde atuamos. A gente dá prioridade para pacientes mais carentes, mas atendemos todas as pessoas, sem qualquer restrição.
JDR1 – Como as pessoas podem agendar uma consulta?
MB – Em virtude da alta procura, a gente atende com hora marcada. Para agendar um horário, o paciente deverá fazer a marcação através do www.brasilsemalergia.com.br.
JDR1 – Como ficaram os atendimentos durante a pandemia?
MB – Por estarmos em uma categoria de serviço essencial, nossas atividades não pararam durante a pandemia. Muito pelo contrário, na verdade. Tivemos que aumentar nosso efetivo, seja com atendimentos presenciais, seja com telemedicina, implementada no projeto após a chegada da Covid.
JDR1 – Como é composta a equipe do projeto?
MB – Temos mais de 30 profissionais na equipe médica. São alergistas, imunologistas, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos, clínicos. O projeto é robusto, com um time multidisciplinar e muito experiente.
JDR1 – Onde estão localizados os postos?
MB – São três na Baixada. Em Duque de Caxias, na Rua Conde de Porto Alegre, 155, no bairro 25 de Agosto; em Nova Iguaçu, na Rua Iracema Soares Pereira Junqueira, sem número, na Cruz Vermelha Nova Iguaçu; e em Xerém, na Praça da Mantiqueira, 18, no Centro Médico Estrela de Davi. Tem uma unidade em Realengo, na Zona Oeste do Rio, na Av. Santa Cruz, 1896. E em Iguaba Grande, na Região dos Lagos, na Rua Paulino Pinto Pinheiro, 133, no Centro, na Cruz Vermelha Iguaba Grande.
JDR1 – E tem muita gente com alergia?
MB – Devido a diversos fatores, os casos de alergia crescem ano após ano no Brasil e no mundo. Atualmente, estima-se que mais de 30% dos brasileiros tenham algum tipo de alergia, de acordo com dados do Ministério da Saúde. São dezenas de milhões de pessoas país afora. É uma questão realmente de saúde pública. E se não tratada, uma alergia grave pode sim levar a sérias complicações.