As estações ferroviárias tiveram um papel preponderante em todos os Estados. No século XIX foram responsáveis pela dinamização das cidades e pela criação de núcleos urbanos, vindo a se tornar referência de locais importantes.
Infelizmente, a crise do sistema ferroviário, na metade do século XX, deixou algumas localidades no abandono. Enquanto as antigas linhas e ramais se mantiveram em operação, as edificações foram, bem ou mal, conservadas para acolher novas atividades, como centro cultural ou educacional ou pontos de serviços públicos.
A arquitetura ferroviária a partir da segunda metade do século XIX predominava, em sua totalidade, um gosto pelo neoclássico. No entanto, sua arquitetura pouco se beneficiaria dele – adotou uma linguagem estética que se caracterizava pelo emprego de diversos estilos arquitetônicos ou, até mesmo, a fusão de diversos estilos em uma mesma obra.
Além de ressaltar a importância da ferrovia como elemento de integração e desenvolvimento do país, as diretrizes recomendavam a escolha por uma arquitetura simples, modesta, elegante e apropriada. As escolhas feitas pelos engenheiros, desse período, deram prioridade a funcionalidade dos edifícios, os interesses das ferrovias ditavam que espécie de equipamento ferroviário seria instalado em determinado local. As construções poderiam variar de um simples abrigo utilizado em paradas breves, às estações de pequeno, médio e grande porte.
As estações terminais se localizaram nos pontos extremos da linha e possuíam um programa mais complexo do que as estações de passagem, contudo existiam estações ao longo da linha que por se situarem em localidades estratégicas poderia ter um programa tão complexo quanto de uma estação terminal, exemplo de Desengano, atual Juparanã, no Município de Valença que causou repercussão pela grandeza e beleza da obra e que contou, na época, com a presença da família real em sua inauguração.
Utilizaram-se técnicas de construção, matérias e padrões de arquitetura diferenciados e considerados “novos” para a época, que, em muitos casos foram importados de outros países, principalmente, do Continente Europeu.
A influência dos profissionais estrangeiros fez com que novos materiais fossem importados. Foram trazidos os barrões de pinho de Riga, vigas e colunas de ferro (que facilitavam a construção), chapas para calhas e condutores, papeis de parede, azulejos, telhas e ladrilhos, além de uma gama de materiais de instalações hidro-sanitárias.
As ferrovias traziam sobre os seus trilhos, novos recursos de construção, mas, sobretudo uma nova maneira de construir. De fato, os edifícios das estações de estrada de ferro, fossem importados ou construídos no local, correspondiam sempre a novos modelos e apresentavam um acabamento mais perfeito, que dependia do emprego de oficiais mecânicos com preparo sistemático. Novas soluções arquitetônicas e construtivas eram assim difundidas pelo interior, influindo sob vários aspectos na arquitetura.
O Estado do Rio, abrigou as primeiras ferrovias brasileiras, que com o passar dos tempos, formou-se uma vasta rede ferroviária que, até meados do século XIX, alcançara grande parte dos Municípios e Distritos do Estado ligando-o a diversos pontos do país.
Este acervo, nos quais alguns exemplares merecem destaque quanto às metodologias de construção aplicadas, na grande maioria, ameaçado ou destruído, o que é uma perda irreparável para a memória fluminense e brasileira. Nas últimas décadas, houve um abandono dessa rede, com a desativação de diversos ramais, a retirada de trilhos, a demolição de exemplares de grande valor da arquitetura ferroviária, bem como de outros elementos. Diversos imóveis encontram-se em precário estado de conservação ou passaram a ter outros usos.
A preservação deste patrimônio ferroviário é importante para a memória coletiva das cidades e do país. São testemunhos valiosos e silenciosos, de um passado não tão distante, que servem para transmitir as futuras gerações os episódios históricos que neles tiveram lugar.