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Estética1Luxuosa: Natal, caridade e o valor do que oferecemos

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O Natal é, tradicionalmente, um tempo de reflexão profunda sobre valores humanos, espirituais e sociais. Todos os anos, movida por esse chamado, promovo uma campanha solidária que envolve a entrega de 25 cestas básicas e 68 brinquedos, no município de Paty do Alferes, com data registrada em 21 de dezembro. Mais do que números, essa ação representa cuidado, presença e responsabilidade com famílias que vivem em situação de vulnerabilidade.

Essas famílias não precisam de pena nem de julgamentos. Precisam de ajuda concreta — emocional, espiritual e intelectual. Precisam ser vistas, respeitadas e fortalecidas para que possam reconstruir caminhos com dignidade.

Neste ano, porém, a campanha escancara uma realidade difícil de ignorar: a arrecadação dos donativos encontra mais obstáculos do que em anos anteriores. Mesmo pessoas que já contribuíram em outras edições têm se esquivado. Essa ausência não é apenas material; ela revela algo mais profundo e desconfortável, que precisa ser nomeado: a avareza e a falta de caridade.

Costuma-se dizer que o maior mandamento é amar a Deus. Traduções recentes da Bíblia enfatizam esse ponto, mas muitas vezes silenciam sobre a consequência direta desse amor: o amor ao próximo. Não há coerência em declarar amor a Deus enquanto se ignora a dor humana. Fora da caridade, não há salvação — não como punição divina, mas como resultado de um coração que se fecha ao outro.

Na narrativa bíblica, atribui-se a Caim o pecado da inveja. No entanto, raramente se menciona o pecado que o antecedeu: a avareza, a mesquinharia e o desrespeito às leis divinas. Deus não se alegrou da oferta de Caim porque ela não representava entrega verdadeira. Caim ofereceu qualquer coisa — o que não lhe servia, o que não fazia falta, o que não exigia renúncia.

Essa lógica permanece atual. Conhecemos pessoas que doam esmolas sem envolvimento, roupas velhas e surradas, objetos obsoletos, brinquedos sujos ou quebrados, acreditando que isso seja generosidade. Não é. A verdadeira caridade não nasce da sobra descartável, mas do que tem valor, do que é importante, do que custa algo a quem oferece.

É a partir dessa consciência que nasce um sonho maior: a criação de uma Instituição capaz de profissionalizar famílias, respeitando suas vocações geográficas e promovendo autonomia real. Ajudar não é apenas dar; é educar, capacitar e caminhar junto.

Neste final de ano, o convite é simples e profundo: reveja o que você tem oferecido de verdadeiro, de caro e de essencial para o mundo, para a sociedade e para o próximo.

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