Ela cuida dos filhos — mesmo que já sejam adultos. Cuida dos netos, da casa, do marido, da empresa, da funcionária, da sogra, da mãe, da amiga e quando sobra tempo (e raramente sobra), cuida de si. Ela é aquela mulher que todos elogiam:

“Você é uma guerreira!”

“Não sei como dá conta de tudo!”

“Você é forte demais!”

Mas a verdade é que, por trás de cada “mulher forte”, muitas vezes existe uma mulher exausta. Silenciosa. Sozinha. Com dor nas costas, nos ombros e na alma.

E por mais que não reclame — porque foi ensinada a não se colocar em primeiro lugar — há dias em que a vontade de desaparecer é real. Não para sempre. Só por um tempo. Um tempo para descansar de tanto aguentar.

O peso que não se vê. O que pesa não são só os compromissos. É a sobrecarga mental de lembrar de tudo:

— O vencimento da conta,

— A comemoração da família,

— A consulta da mãe,

— A organização da Casa,

— O presente do neto,

— O humor do marido, 

— A direção da empresa

— E ainda sorrir no final do dia.

É o excesso de responsabilidade emocional. É a obrigação de estar sempre disponível. É o hábito de se colocar por último.

Muitas mulheres da nossa geração aprenderam a amar cuidando. Mas desaprenderam a receber cuidado. Acreditam que parar é fraqueza, que pedir ajuda é sinal de egoísmo ou incompetência.

E aqui está o alerta: isso não é força. Isso é sobrevida. É viver em modo automático. É respirar por aparelhos emocionais. É adoecer lentamente — no corpo, na mente, na alma. Cuidar de si não é egoísmo. É sobrevivência.

A mulher que cuida de todos precisa reaprender algo fundamental: você também merece colo. Você também merece pausa. Você também precisa de cuidado. Não adianta marcar todos os exames dos outros e nunca o seu.

Não adianta arrumar as malas dos filhos e viver com a própria mala emocional empacotada há anos. Não adianta deixar o tempo passar sem investir em você — no corpo, na autoestima, no seu prazer, nos seus projetos que ficaram para “depois”.

Porque sabe qual é o problema do “depois”?

É que ele quase nunca chega. A menos que você decida que o depois é agora. Permita-se. Não peça desculpas por isso. Você não precisa pedir desculpas por cuidar de si. Por tirar um dia de beleza. Por investir num tratamento estético. Por comprar um vestido novo. Por dormir mais. Por dizer “hoje não vou” sem culpa. Cuidar de você é a maneira mais bonita de honrar tudo o que já fez por todos — e por você mesma.

Cuidar de você é dar continuidade ao amor. Mas agora, um amor que também te inclui. Você não precisa deixar de ser forte. Mas precisa ser uma mulher forte e cuidada. Forte e descansada. Forte e feliz. Porque quem cuida de todos também precisa — e merece — ser cuidada.