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Ética e Cidadania: Decolonialidade e os protestos pró-palestina

Angelos Tzortzinis/AFP

O que a decolonialidade e as ideias de Karl Marx têm em comum?

Ambas apontam para a opressão e exploração de uma classe subordinada por outra dominante; ambas denunciam a alienação que tem por efeito a não apropriação do que é legitimamente produzido pela classe subjugada. Como estes se relacionam com os conflitos entre israelenses e palestinos?

O pensamento decolonial tem como característica principal a desconstrução crítica do pensamento padrão de dominação na lógica do colonizador. Ou dito de outro modo, o movimento decolonial constitui uma reação ao neocolonialismo, o qual estabelece relações de hegemonia política, econômica e cultural entre países mais e menos desenvolvidos.

No caso de Israel e da Palestina, para além do conflito ostensivo e armado, há aquele mais premente que se estende sobre as relações identitárias de um povo com sua terra. Tanto israelenses como palestinos desejam seu pedaço de chão e sua cultura preservados. Em ambos os casos, a alienação e a subjugação, em quaisquer níveis, não são desejadas, o que parece muito justo.

O problema, entretanto, está no que parece ser a aplicação equivocada das teses de forma unívoca. Colonizador e colonizado não possuem identidades fixas sob a égide de certos povos ou raças; colonizador e colonizado são papéis que podem ser exercidos de forma intercalada na história.

Por vezes, ocorre, na geopolítica do poder, que aquele uma vez oprimido também oprime. 

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RADIO DR1 - 05/07/24