Muito se tem discutido sobre as consequências negativas do lockdown e do isolamento, durante a pandemia, sobre a população em geral e, em especial, sobre a população mais jovem em idade escolar. Um estudo do Banco Mundial, feito em fevereiro, aponta para a existência de um déficit no Índice de Capital Humano na (ICH), o qual avalia o nível de produtividade da criança na fase escolar. Tal índice considera seu empenho tendo em vista a boa educação e assistência médica.
O impacto da pandemia provocou a precarização da educação com a consequente queda do ICH. Com os baixos níveis de escolaridade segue-se a diminuição de conhecimento e de renda na idade adulta. Quanto mais jovem a criança, maior o impacto, comprometendo seu rendimento cognitivo, linguístico e motor. Assim foi constatado que estudantes do quinto ano tiveram maior perda calculada do que aqueles das séries maiores. Isso sem levarmos em conta as camadas sociais mais pobres da população. Segundo o Banco Mundial, O Brasil está entre os países que tiveram maior déficit em termos de ensino presencial com perda de 60 semanas.
Entretanto, algo deixou de ser dito: a pandemia e seus efeitos nocivos não são os únicos responsáveis pela precarização da educação no Brasil. Segundo Rezende e Tafner (2007), a escolaridade média da população entre 15 e 24 anos apresenta-se inferior a oito anos de estudo. Segue-se a isso outros fatos alarmantes: em média, os jovens brasileiros não completam a educação fundamental, 12% são analfabetos funcionais e apenas 6% chegam ao ensino superior. Diante disso, cabe perguntar: por que o ônus da prova pelo incumprimento de políticas básicas de educação presume a culpa de apenas um devedor?