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Ética e Cidadania: Violência simbólica e feminicídio: quando a mulher morre antes de morrer

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Muito se tem falado sobre a violência generalizada que assola nosso planeta. Muitos conflitos, guerras, criminalidade, entre outros tipos de violência que, infelizmente, ainda se fazem presentes nos noticiários todos os dias. Há também aquela que, por ser sutil e, por vezes, suave, não ganha espaço nos noticiários, mas planta a semente para que a violência per se possa tomar seu lugar na sequência natural dos acontecimentos. A violência simbólica existe e está presente, mas, ao mesmo tempo, é tão imperceptível quanto o ar que respiramos. Uma delas reside no coração do lar doméstico, onde milhares de mulheres sofrem, caladas, a violência da dominação pelo homem — tido por alguns como “gênero superior” — que não suporta ser contrariado.

Mas o que é exatamente a violência simbólica? É uma forma não-física de dominação que atua por meio do cultivo, da disseminação e da aceitação de ideias como se fossem naturais, parte do conhecimento e da cultura. O racismo e o machismo são exemplos de tal violência. No caso em discussão, as mulheres oprimidas incorporam os valores e conceitos do domínio deles aos seus. Por vezes, a mídia e certas instituições, como a escola e a família, podem servir de instrumento para legitimar a lógica do opressor. Nesse caso, a lógica masculina estabelece normas patriarcais, vistas como naturais e reproduzidas pelas mulheres, muitas vezes de forma inconsciente. Daí decorre a dificuldade de combater algo que se imiscui, de forma sutil, no sistema de crenças do oprimido, o que faz com que muitas mulheres aceitem passivamente a violência física.

Diante de tal opressão, pode-se dizer que, antes mesmo da violência física e do feminicídio, muitas já morreram como cidadãs, como portadoras de direitos fundamentais: de voz, de igualdade, de dignidade. É necessário, portanto, combater na raiz o preconceito e as ideias equivocadas que desvalorizam as mulheres e as representam como cidadãs de segunda classe, excluindo-as dos espaços de poder. Assim, entende-se que, para se combater a violência física, é preciso primeiro combater a violência simbólica, genealogia de toda e qualquer conduta malsã.

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