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Fórum debate potencial brasileiro em liderar transição energética mundial

Evento promovido pela ABDE traz como destaque a capacidade de produção de energia limpa do Nordeste

A urgente necessidade climática e o grande potencial de transformar o Brasil em um país líder em energia sustentável estão sendo debatidos, nesta quinta-feira (10/10), por instituições do Sistema Nacional de Fomento (SNF) e autoridades durante o 4º Fórum Debate para o Desenvolvimento, que trouxe a temática “O financiamento à transição justa e o potencial do Nordeste brasileiro”. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) em parceria com o Banco do Nordeste (BNB), onde o evento é promovido.
 

Com programação até o fim do dia, o fórum reúne especialistas de instituições nacionais e internacionais, incluindo o Banco Mundial, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). As instituições debatem como financiar e viabilizar uma transição energética justa e inclusiva, com foco no potencial do Nordeste.
 

Na abertura do evento, a diretora da ABDE e presidente da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte (AGN), Márcia Maia, destacou o contexto climático global e a urgência da transição energética, ao ressaltar que, em 2023, a temperatura média da Terra ultrapassou o limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris. Além disso, lembrou que o Brasil, atualmente, é responsável por 3% das emissões globais de carbono, ocupando a sexta posição no ranking mundial de emissores.
 

Por outro lado, Maia ressaltou que o país possui uma matriz energética privilegiada, com 45% de participação de fontes renováveis, muito acima da média global. A produção de energia elétrica no Brasil é ainda mais sustentável, com 85% proveniente de fontes renováveis. “Embora a energia hidroelétrica tenha uma grande participação, o maior crescimento nos últimos anos veio da energia eólica e solar, que hoje representam mais de 30% da matriz energética do país”, afirmou Maia, com base em dados recentes da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
 

Ela destacou o papel do Nordeste nesse contexto. “O regime de ventos e a alta incidência solar tornam a região um dos maiores polos de energias renováveis no Brasil”, disse. A diretora citou, ainda, o Rio Grande do Norte como exemplo. O estado recentemente atingiu 10 gigawatts (GW) de potência instalada em energia eólica. “Com o investimento correto, o Nordeste pode se tornar uma potência na produção de hidrogênio verde, uma das promessas mais inovadoras da transição energética”, completou.
 

O presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, trouxe uma perspectiva focada na inclusão social e econômica como aspectos essenciais da transição para uma economia de baixo carbono. “Uma transição energética justa passa pela redução das desigualdades regionais, e o papel das instituições financeiras de fomento é fundamental nesse processo”, afirmou.
 

Câmara apresentou números que destacam o papel do BNB como protagonista na promoção do desenvolvimento sustentável da região. Em 2023, o banco aplicou R$ 58,5 bilhões em crédito nos nove estados nordestinos e no norte de Minas Gerais e Espírito Santo, um crescimento de 27% em relação ao ano anterior. Deste montante, R$ 37 bilhões foram direcionados para projetos de energias renováveis, como solar e eólica.
 

Ele também ressaltou o sucesso dos programas de microcrédito urbano e rural do BNB, que têm contribuído para a inclusão econômica. O programa Crediamigo aplicou R$ 10,6 bilhões em 2023, com mais de 14 mil operações realizadas por dia, enquanto o Agroamigo, voltado à agricultura familiar, movimentou R$ 5,7 bilhões. “Esses programas são essenciais para garantir que o crédito produtivo chegue às mãos de quem mais precisa, promovendo não apenas a geração de energia, mas também a melhoria da qualidade de vida de milhões de brasileiros”, afirmou Câmara.
 

Ruben Delgado, presidente da Softex, abordou o papel da tecnologia e da inovação no processo de transição energética. Ele destacou o impacto das startups e das novas tecnologias na geração de empregos e na aceleração da descarbonização. “O Brasil precisa ser um produtor de tecnologia, e não apenas consumidor”, afirmou Delgado, mencionando que a Softex já aplicou mais de R$ 90 milhões em capacitação no Ceará, com foco na formação de programadores e no desenvolvimento de startups tecnológicas.
 

Segundo Delgado, nesse contexto, mais de 6 mil startups foram beneficiadas nos últimos anos com um total de R$ 3 bilhões investidos em inovação. “A inovação tecnológica é um diferencial não apenas para o setor energético, mas para todas as cadeias produtivas do Brasil”, disse.
 

Paulo Simplício, da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), reforçou a parceria com o Banco do Nordeste e outras instituições locais, destacando a atuação da AFD em projetos de infraestrutura resiliente e energias renováveis no Nordeste. “A AFD já financiou mais de 5 mil projetos em 160 países, e o Brasil é um dos cinco maiores destinatários desses recursos”, afirmou.
 

Simplício destacou que a AFD tem um foco estratégico no financiamento de energias renováveis no Brasil, com prioridade para projetos de energia solar, eólica e hidrogênio verde. “Nos últimos anos, a AFD tem direcionado recursos para fortalecer cadeias produtivas locais e promover uma infraestrutura mais resiliente, alinhada com os princípios de uma transição energética justa”, disse.
 

O Fórum Debate continua ao longo do dia com discussões sobre os desafios e oportunidades para o Nordeste no contexto da transição energética global. Confira a programação que está sendo transmita ao vivo: Link.

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