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Gestação na adolescência cai 37% em 20 anos, diz estudo

Nos últimos 20 anos, o Brasil registrou queda de 37,2% no número de adolescentes grávidas. Isso é o que apontou um estudo realizado pela ginecologista Denise Leite Maia Monteiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

A pesquisa foi feita considerando o número de nascidos vivos (NV) de mães entre 10 e 19 anos de idade, entre os anos de 2000 e 2019.

Em 2000, segundo a pesquisa, as mães adolescentes foram responsáveis por 23,4% do total de nascidos vivos no país. Já em 2019, esse índice passou para 14,7%.

Apesar da queda, o número ainda é preocupante. Dados do DataSUS/Sinasc apontam que a cada dia ocorrem cerca de 1.150 nascimentos de filhos de adolescentes. “As complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente, pois existe maior risco de eclâmpsia, endometrite puerperal, infecções sistêmicas e prematuridade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Ainda há consequências sociais e econômicas como rejeição ou violência e interrupção dos estudos, comprometendo o futuro dessas jovens”, disse a médica, no estudo.

A pesquisa também demonstrou que a redução da gravidez na adolescência entre meninas de 10 a 14 anos foi de 26% e teve uma redução menor que entre o grupo de 15 a 19 anos, que registrou 40,7% de queda. Os maiores indicadores de gravidez entre adolescentes foram registrados na região norte do país, que apresentou a menor queda percentual na taxa de fecundidade por idade específica (TIEF) tanto para o grupo de adolescentes entre 10 e 14 anos (-11,9%) quanto para o grupo de adolescentes entre 15 e 19 anos (-32,9%).    

Quais as consequências de uma gravidez na adolescência?

A gravidez pode ter consequências imediatas e duradouras para a saúde, a educação e o potencial de geração de renda de uma adolescente. A gestação na adolescência está associada a maiores riscos de partos prematuros, de recém-nascidos com baixo peso, de eclampsia, de transtornos mentais (como a depressão) e de morte devido a complicações decorrentes de abortos inseguros ou da gravidez e do parto.. Esses riscos dependem da idade da adolescente (maior risco em adolescentes menores de 15 anos), do nível socioeconômico da adolescente (quando mais pobre e com menor rede de suporte, maior o risco), do acesso aos serviços de saúde e da condição de saúde da adolescente. 

Apesar dos riscos à saúde causados por uma gestação na adolescência, os maiores riscos são os sociais e econômicos. As adolescentes que ficam grávidas, especialmente as de forma não intencional, têm maior risco de sofrer violência física e sexual de seus parceiros. Além disso, a gravidez precoce está associada a um maior risco de abandono escolar e perda de oportunidades de empregos, aumentando o risco de perpetuação do ciclo da pobreza.. Segundo dados do IBGE, seis de cada dez adolescentes grávidas nem trabalham e nem estudam. Sem falar no impacto econômico para o país, conforme estudo do Banco Mundial.

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