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Goleiro Barbosa, que pagou caro por um erro

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Entre defesas memoráveis e uma injustiça histórica, a trajetória de um dos maiores goleiros do Brasil ainda emociona e revolta

A história de Moacir Barbosa Nascimento é uma das mais marcantes do futebol brasileiro — e também uma das mais injustas. Nascido em Campinas (SP), em 27 de março de 1921, o goleiro brilhou nos anos 1940 e 1950 com atuações impressionantes, mas teve sua carreira e vida marcadas por um episódio doloroso: a final da Copa do Mundo de 1950.

Barbosa iniciou sua trajetória profissional no Ypiranga-SP, mas foi no Vasco da Gama que ganhou projeção nacional. No clube, integrou o lendário “Expresso da Vitória” e conquistou seis campeonatos cariocas e o Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões de 1948 — torneio que deu origem à Taça Libertadores.

Seu talento o levou à Seleção Brasileira, onde atuou em 20 partidas entre 1945 e 1953. Era considerado o melhor goleiro do país: elástico, ousado, jogava com os pés e dominava a grande área com segurança.

O ponto de virada em sua história veio em 16 de julho de 1950, na final da Copa do Mundo. O Brasil precisava de um empate contra o Uruguai para conquistar o título no recém-inaugurado Maracanã, diante de quase 200 mil torcedores. Após Friaça abrir o placar, o Uruguai virou com gols de Schiaffino e Ghiggia. O segundo gol passou por baixo de Barbosa, que tentava fechar o ângulo. O Brasil perdeu por 2 a 1, e o estádio emudeceu.

A derrota, eternizada como “Maracanazo”, recaiu quase exclusivamente sobre os ombros de Barbosa. “No Brasil, a pena máxima é de 30 anos. Eu pago há mais de 50 por um crime que não cometi”, desabafaria anos depois.

Apesar de seguir atuando em alto nível, Barbosa foi afastado da Seleção e, em 1993, impedido até de visitar a concentração da equipe. Trabalhou como supervisor do Maracanã, enfrentou dificuldades financeiras e recebeu apoio de amigos como Nilton Santos e Eurico Miranda.

Faleceu em 7 de abril de 2000, aos 79 anos, pobre e estigmatizado, mas com a dignidade intacta. Somente após sua morte sua imagem começou a ser reabilitada, e hoje é lembrado como um dos maiores goleiros da história do Brasil — e vítima de uma injustiça cruel.

Sua vida, repleta de glórias e sombras, é um lembrete de que a derrota é sempre coletiva, mas o peso da culpa, muitas vezes, é imposto a um só.