Segundo infectologista da Hapvida NotreDame Intermédica, estudos revelaram que, após uma infecção desse tipo, o risco de sofrer um ataque cardíaco pode ser até seis vezes maior
Rio de Janeiro, 11 de abril de 2024 – Com a chegada do outono, os vírus da gripe tendem a prevalecer. Isto porque, com a queda das temperaturas, os ambientes ficam fechados e as pessoas costumam ficar mais próximas. Mas não apenas circula o vírus influenza ou se propaga a covid-19, como também são mais comuns os resfriados. Os sintomas são similares, daí a importância de saber quando procurar o atendimento médico, pois, apesar de comum, a gripe pode ocasionar complicações, em especial aos grupos de risco, e provocar a morte.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que haja um bilhão de casos de influenza no mundo, sendo que de três a cinco milhões serão graves, provocando a morte de 290 mil a 650 mil pessoas por doenças respiratórias.
Assim como a covid-19, a gripe apresenta riscos significativos para adultos com 65 anos ou mais, crianças menores de 2 anos, pessoas com doenças crônicas, como asma, diabetes ou problemas cardíacos, gestantes e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. Também quem vive em casas de repouso ou instituições de longa permanência tende a ser mais vulnerável a complicações.
Segundo a médica infectologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Christianne Takeda, a gripe pode estar associada a complicações de outros quadros de saúde. “A doença cardíaca é uma das condições crônicas mais comuns entre adultos hospitalizados com gripe. Estudos revelaram uma associação preocupante entre ela e o aumento do risco de ataques cardíacos e derrames. Pesquisas indicam que, dentro de uma semana após uma infecção confirmada, o risco de sofrer um infarto pode ser até seis vezes maior”, diz.
A especialista lembrou também que complicações cardíacas súbitas e graves foram identificadas em aproximadamente um a cada oito pacientes hospitalizados com gripe. Dados do Ministério da Saúde apontam que a principal complicação em decorrência do vírus influenza é a pneumonia, responsável pela alta internação hospitalar no país.
Sintomas
Com gripe, o paciente apresenta febre, calafrios, tosse, mal-estar, dores no corpo e de garganta. Os sintomas costumam aparecer de forma súbita e são mais fortes do que um resfriado, que é caracterizado por coriza e espirros, sendo uma infecção mais branda e de menor duração, podendo ser confundido com um quadro alérgico. Já na covid-19, é comum febre, tosse e falta de ar.
“A covid-19 pode levar a complicações graves, como a formação de coágulos sanguíneos em várias partes do corpo, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica tanto em crianças quanto em adultos, e as chamadas condições pós-covid, que incluem uma variedade de sintomas que podem persistir por semanas ou meses após a infecção inicial, mesmo em indivíduos com casos leves ou assintomáticos”, explica a infectologista.
É recomendado procurar assistência médica quando houver piora no quadro de saúde ou o paciente estiver nos grupos de risco. “O alerta vermelho para a covid acende principalmente quando o paciente estiver com dificuldade para respirar, dor no peito ou confusão mental. Não hesite, procure ajuda imediatamente”, aconselha a médica.
O ideal é que, uma vez doente, o paciente faça repouso, cuide da hidratação, tome a medicação indicada e evite circular para não contaminar outras pessoas.
De acordo com especialistas, pessoas do grupo de risco tendem a ficar mais tempo hospitalizadas, com necessidade de ventilação em alguns casos, e podem ter complicações, como pneumonia e morte.
Vacinação
A imunização é a mais segura e eficaz forma de prevenção, segundo Christianne Takeda. “Poucas pessoas sabem que as vacinas da gripe são atualizadas anualmente para proteger contra os vírus que causaram os últimos surtos. Por isso, a necessidade da vacinação anual, pois a proteção diminui ao longo do tempo. Estudos demonstram que a vacinação não apenas reduz o risco de adoecer com gripe, mas também atenua a gravidade da doença”, detalha.
O Ministério da Saúde pretende imunizar 75 milhões de pessoas este ano. Crianças que vão receber a vacina pela primeira vez devem tomar duas doses, com intervalo de 30 dias.
De acordo com a infectologista, que é mestre em saúde global e doenças infecciosas, no caso de complicações em pacientes com doenças cardíacas, “a vacinação tem sido associada a taxas mais baixas de eventos cardíacos entre esses indivíduos, especialmente aqueles que tiveram, por exemplo, um infarto no ano anterior”.