Jornal DR1

Hipnose – mito ou ferramenta?

Por Dr. Marcio Rogerio Renzo

A hipnose é um estado alterado de consciência em que é possível acessar o subconsciente onde estão armazenadas nossas lembranças, traumas, medos, sentimentos etc., que não é possível acessar de forma consciente.

Mas para isso, precisamos desmistificar a hipnose de como ela vem sendo representada em produções cinematográficas. Ela sempre foi mostrada como uma forma de controle do hipnotista sobre o hipnotizado. Mas na realidade não é isto que acontece.

O estado de hipnose acontece em nosso dia-a-dia e não percebemos. Quando assistimos a um filme, seja de terror, drama, comédia e nos deixamos levar pelas emoções (sugestionamento), pois sabemos que aquela situação não é real, porém aceitamos a condição e reagimos a ela. Isso é um estado de hipnose, pois somos levados a reagir a uma emoção que conscientemente sabemos que não é real, através do sugestionamento.

Aos que pensam que a hipnose é algo novo, lamento discordar, pois trata-se de um conceito milenar, porém foi no ano de 1843 que foi usada pela primeira vez com intuito de tratamento por James Braid, que nomeou também esta técnica, do grego hypnos (sono), por acreditar no estreitamento da consciência, chegando próximo ao que nos encontramos quando estamos no estado do sono. Sendo o pai da hipnose clássica.

Posteriormente, o americano Milton Hyland Erickson com seus estudos e experimentos em clínica, veio a criar a segunda escola em hipnose, a ericksoniana.

A hipnoterapia, método que tem por base a utilização da hipnosea dentro da psicoterapia, para a busca e tratamento de conflitos pelos quais os pacientes estão passando e por meio desta técnica promover a melhora do quadro mental. Sim, a hipnose é uma técnica, portanto, uma ciência e não uma mágica ou feitiço como foi tão explorado no cinema.

Recentemente, dentro da psicoterapia tem-se abordado os aspectos da terapia cognitiva-comportamental com as da hipnose clínica para tratamento de psicopatologias, de forma integrativa.

Cabe salientar que a hipnoterapia é reconhecida como prática pelos conselhos de Medicina, Psicologia e Fisioterapia. Em 2018 foi reconhecida pelo Ministério da Saúde e acrescentada à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e autorizado seu uso no Sistema Único de Saúde (SUS).

O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), desde 2017 e a pandemia só fez agravar este quadro. Segundo ainda a USP (Universidade de São Paulo), 63% dos brasileiros apresentam algum quadro ansioso e 57% estão depressivos.

Outro dado alarmante vem do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema único de Saúde), segundo o órgão nos últimos 20 anos o número de suicídios dobrou, passando de 7 mil para 14 mil eventos, praticamente uma pessoa comete suicídio a cada hora. Este número é maior do que o número de mortos em acidentes de moto, no mesmo período.

Como vimos, a pandemia causou um verdadeiro “boom” nos casos de transtornos mentais relacionados à depressão e ansiedade. No mundo o aumento dos casos de ansiedade foi da ordem 25,6% e os de depressão 27,6% em 2020.

Como a hipnose pode ajudar?

Utilizamos a hipnose para tentar compreender o início do problema, detectar suas causas, desdobramentos, reafirmações de situações para que quando o paciente se depare com “estes gatilhos” reajam de forma adequada, não caindo novamente no comportamento depressivo ou ansioso.

A hipnose também proporciona a liberação de “bloqueios”. Quando passamos por uma situação traumática, como defesa, colocamos essas situações em “caixas escondidas” em nosso cérebro para que não soframos com elas. Durante o estado de hipnose conseguimos acessar estas caixas e ressignificar essas emoções, de forma que o paciente não sofra mais ao acessar essas memórias.

Além dessa ressignificação das emoções, durante a sessão de terapia, o hipnoterapeuta coloca o que chamamos de “âncoras”, para que quando o paciente venha a se deparar novamente com tal situação, ele sinta um apoio, um renovo na sugestão, de forma que mantenha por mais tempo os efeitos terapêuticos.

É importante deixarmos claro que, durante a hipnose, o paciente tem o total controle de suas emoções e vontades. Ele não fará nada que não queira. Como diria meu tutor: “somos apenas um GPS para guiar os pacientes dentro de suas emoções”. O paciente não revelará nenhum segredo ou fará algo que não deseja, pois o paciente permanece consciente por toda a sessão.

Em que mais a hipnose pode ser usada?

Hoje, a hipnose é utilizada com grande eficácia para tratar diversos outros problemas, além de quadros ansiosos e depressivos, tais como: fibromialgia, transtornos dismórficos corporais (Anorexia, bulimia, etc..), vícios; além de poder ajudar na melhoria de desempenhos profissionais, como: medo de falar em público, falta de confiança, etc..
Procure um profissional qualificado e venha conhecer os benefícios desta técnica.

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