Neste sábado (21), o Instituto Moreira Salles recebeu a exposição Constelação Clarice, dedicada a escritora Clarice Lispector. A mostra investiga a vida poética da escritora Clarice Lispector identificando temas e recursos estéticos presentes em sua produção. O público poderá visitar a exposição até o dia 9 de outubro.
A exposição também celebra a obra e o legado de Clarice, cujo centenário foi comemorado em 2020.
Com entrada gratuita, a mostra reúne ainda aproximadamente 300 itens, incluindo manuscritos, fotografias, cartas, discos e matérias de imprensa, entre outros documentos do acervo pessoal da autora.
Em diálogo, são exibidas obras de 26 artistas visuais mulheres, que atuaram na mesma época de Clarice, entre as décadas de 1940 e 1970. No conjunto, há trabalhos de Maria Martins, Mira Schendel, Fayga Ostrower, Lygia Clark, Letícia Parente, Djanira e Celeida Tostes, entre outras.
A curadoria é do poeta Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS, e da escritora e crítica de arte Veronica Stigger.
“Aqui nós temos salas que formam uma constelação, uma constelação reunida em torno de uma escritora luminosa e esplêndida, esses espaços abordam diversos temas. E nós conseguimos reunir em torno desses temas as artistas. Ou seja, essa constelação gira em torno da Clarice, mas possui outras estrelas, mulheres que fizeram o melhor da arte moderna brasileira daquele período”, contou o consultor de literatura do IMS, Eucanaã Ferraz.
“A exposição transmite uma inquietação é uma emoção muito forte. Ela traz artistas que nunca estiveram reunidas antes e em torno da Clarice Lispector. Então, isso cria uma possibilidade de leituras, de interpretações, de aproximações que dependem muito da sensibilidade de cada um. Você passa por essas salas e você que faz os laços. É um exposição pra quem conhece a Clarice, mas também pra quem não conhece”, afirmou Eucanaã Ferraz.
“Uma coisa muito curiosa, interessante é que de fato surpreendeu o público de São Paulo, é a presença de pinturas eternizadas pela Clarice Lispector. Ela nunca se propôs a ser uma profissional, mas nos anos 70 ela decidiu pintar. E muito claramente isso foi uma aventura a procura de expressão, simultaneamente, a procura de algo mais concreto do que a palavras. Mas também, a maioria das suas pinturas são abstrações, claramente um embate da Clarice com a linguagem”, finalizou Eucanaã Ferraz.
O público terá a oportunidade rara de conhecer 18 pinturas de autoria da própria escritora, produzidas entre 1975 e 1976.
O acervo de Clarice Lispector está sob a guarda do IMS desde 2004, sendo formado por uma biblioteca com cerca de mil itens, entre livros e periódicos, e um arquivo com documentos, entre os quais manuscritos com versões inacabadas dos romances A hora da estrela e Um sopro de vida, correspondências, fotos, um caderno de notas, entre outros itens. Também fazem parte do acervo do IMS diversos títulos da autora traduzidos em mais de dez idiomas.
Além de promover o evento anual Hora de Clarice, o IMS já homenageou a escritora com o volume duplo (17-18) dos Cadernos de Literatura Brasileira (que está esgotado). Também publicou o livro Clarice Lispector — Figuras de escrita, de Carlos Mendes de Sousa, e organizou a mostra Clarice, pintora, exibida em 2009 no IMS Rio. Em 2020, lançou um site bilíngue sobre a escritora, disponível neste link.