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Jimmy de Oliveira: ‘a dança é minha vida!’

Por Claudia Mastrange

São 32 anos dedicados à dança. Hoje, o carioca da Tijuca Jimmy de Oliveira atende a mais de 200 alunos na Academia de Dança Jimmy Oliveira, um casarão de três andares na Rua do Catete, onde são ensinados dança de salão, samba de gafieira, danças urbanas, dança do ventre, zouk, zumba, tango, forró e o exclusivo estilo samba funkeado. “São espaços diferenciados em cada pavimento e com iluminação de casa de show. É muito amor!”, conta.

Mas o início não foi nada fácil. Ex-aluno da Escola de Dança Maria Olenewa, Cia. de Dança Deborah Colker, de Marli Tavares Minatelli, de Leny Day e Jaime Arôxa, entre outros, ele enfrentou muito preconceito. Determinado, seguiu em frente e tornou-se um campeão, vencendo mais de uma dezena de concursos de dança, e pioneiro, inventando um estilo: o samba funkeado – que já ganhou o mundo.

E ele quer mais em 2020: já está desenvolvendo uma dança, o samba fragmentado. Quem quiser conhecer um pouquinho de todo esse talento, pode se inscrever na Oficina de Samba que acontece de 16 a 19 de janeiro. “Vem gente do mundo inteiro, já de olho no Carnaval’, conta o bem sucedido esposo de Flávia e pai de Spphia (26) e Gael (1). Confira nosso papo nesta entrevista exclusiva ao Diário do Rio.

Democratização da dança
“Antigamente, quando se falava em dança, tudo era mais pensado e voltado para a mulher. Isso vem mudando. Os homens têm procurado bem mais nos últimos anos e entre os jovens também cresceu a procura. Os ritmos mais procurados na minha academia são forró zouk, samba funkeado e o samba tradicional. Os jovens curtem muito os ritmos da música brasileira, urbana e o hip hop”.

Preconceito e escolha: a família ou a dança?
“Minha ligação com a dança vem desde criança. Minha mãe conta que meu pai me levava muito para sambas, quando eu tinha apenas quatro anos idade. Então já mostrava uma habilidade, ritmo… Fiz balé, mas não tinha muito incentivo porque as famílias humildes costumam achar que a única forma dos filhos ganharem dinheiro é com o futebol. Eu cheguei a jogar bola…mas sua escolha já está dentro de você. Diziam que dança não era para homem, que o balé não era para homem. Eu tinha 13 anos e era inspirado por Michael Jackson. Eu queria ser como ele na época. Optei pela dança e fui expulso de casa”.

Quebrando barreiras
“Fui para o balé, fiz jazz, mas sempre frequentei bailes de dança de salão. E lá dançava os passos dos bailes charme. Daí fui convidado por um senhor a aprender a dança de salão, mas comecei a observar tudo e questionar: ‘a dança é de origem negra, mas onde estão os negros?’. Falei: ‘vou furar isso aí’. Em palestras pelo Brasil digo que a revolta dos negros vem de modo errado. Nossa maneira de abrir espaço é nos especializando, nos dedicando 20 vezes mais. E eu fiz isso. Logo fui convidado a dançar no show da Alcione, fiz um clipe do Martinho da Vila e fui dançar até no Palácio de Versalhes para o presidente da França”.

Inventor de um novo ritmo
“Sempre me deixei levar pela música, no corpo e no pensamento. Sentia a música e me deixava levar pelo movimento, quebrando os padrões e criando… e quando vi havia criado uma nova dança: o samba funkeado. É um novo ritmo com passos , como ‘romano’, ‘escovinha’, ‘boneca’ e ‘ pescaria’, que hoje são incluídos até na gafieira tradicional. E a modalidade tem representatividade em vários países, como Austrália, França, Espanha, Inglaterra e Japão. Aliás, o ‘Jimmy do Japão’ é um professor famoso lá, que veio ao Brasil aprender o ritmo. Muito bacana!”.

Reconhecimento
“Importante ver programas de televisão dando mais visibilidade à dança. É um estímulo para que pessoas de todas as idades, tipos, gêneros se estimulem a fazer. Fiquei muito feliz quando, no Dancing Brasil, da Record TV, o Márcio Vítor apresentou um passo do samba funkeado e Jaime Arôxa ressaltou que fui em que o criei. Muito orgulho e gratidão por esse crédito, esse reconhecimento. Quando iniciei só Arôxa e Carlinhos de Jesus tinham destaque. Bom demais conquistar espaço com meu trabalho”.

A mente do vencedor
“Tudo é possível na vida se você tem um sonho e acredita. Mas qual a estratégia para chegar lá? Qual o caminho? É fácil? Não. Você tem que ter um diferencial, senão fica na média, no bolo. Você tem que ser além da média. Ter um olhar diferente do outro, mais habilidade e uma disciplina maior que os demais. Não se pode ter uma mente de perdedor. É preciso foco. Eu tinha certeza que iria chegar La. É essa certeza que precede a conquista. Nunca perdi nenhum concurso. A dança é minha vida!”.

Benefícios para a vida
“A dança é terapêutica. Tenho muitos alunos da terceira idade. Dançar evita que muitos precisem tomar remédio. Aliás, muitos que tomavam passam a não precisar mais. As pessoas se relacionam, se exercitam e exalam bem estar. Vivem momentos de felicidade. Os movimentos ativam os hormônios, as articulações… Há senhoras que vêm me dizer que perderam um filho e ali recuperaram um pouco a alegria: ‘você não imagina o bem que me faz’. Isso não tem preço. Saber que uma aula de dança não é só ensinar passos, mas também salvar vidas”.

Fotos: Arquivo pessoal

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