A década de 70 sem dúvida, marcou uma geração pois foi um período de muita tensão e guerras, como por exemplo a Revolução Iraniana (1979). Na economia, a crise do petróleo causou recessão em escala mundial com as restrições da comercialização de óleo impostas pelos países que faziam parte da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Entretanto, foi uma publicação no Jornal The New York Times de setembro de 1970 que sacudiu a sociedade americana: “A responsabilidade social das empresas é aumentar seus lucros”. Seu autor era ninguém menos que Milton Friedman, prêmio Nobel de economia. Passados 53 anos esse artigo chama a atenção, pois não somente as empresas, mas a sociedade como um todo também mudou, assim como suas relações: se antes eram de dependência agora são de interdependência.
Lucro não é pecado
Durante muito tempo o empresário / empreendedor foi visto como opressor, sem escrúpulos, aproveitador e outros adjetivos. Esquecem que esse empresário gera empregos, paga tributos e impostos, desenvolve novas ideias (inovação), pesquisa novos meios de produção (tecnologia), aprimorando os processos (gestão) e dessa forma gerando “lucro” para a sociedade onde está.
Há inúmeros casos que esse “lucro” transcende os limites geográficos daquele município, estado ou mesmo o País. Na mesma direção e sentido oposto, porém com a mesma intensidade a sociedade propicia mão de obra, instalações, infra estrutura, condições fiscais favoráveis, matéria prima, logística (modais de transporte), etc. O “lucro” é repartido para todos. Mas sempre foi assim. Então não ocorreu nenhuma mudança abrupta de processos ou infraestrutura. O que ocorreu foi uma visão diferenciada de uma mesma situação, porém com os olhos focados no caleidoscópio do bem comum, a famosa sustentabilidade.
O futuro de todos nós
“Uma só Terra”. Esse foi o tema da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972). Estabeleceu-se 26 princípios e a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. Com o passar dos anos, o olhar da sociedade cada vez mais pressionada pela escassez de recursos naturais, degradação do meio ambiente e das relações humanas, avançou para a “responsabilidade corporativa”, “responsabilidade social” e mais recentemente sustentabilidade e ESG. A conscientização para o uso racional dos recursos naturais, a degradação do meio ambiente e a degeneração das relações Inter pessoais desencadeou reflexões profundas em nossa sociedade gerando ações de vários setores e países.
A Sustentabilidade como um dos Princípios de Governança
Como bem disse o Professor Eduardo Gomes: “A ética é o conjunto de valores e princípios que orienta a conduta e viabiliza o convívio e a evolução do ser humano em sociedades cada vez mais complexas. Ela deriva do senso de coletividade e interdependência que impulsiona os indivíduos a colaborarem com o desenvolvimento da sociedade”. Fato é que nenhuma corporação no planeta é capaz de agir sozinha e em um futuro não muito distante, a sociedade irá escolher aquelas empresas que podem e as que não podem mais operar.