Há alguns dias foi publicado pelo Fórum Econômico Mundial a 19ª edição do relatório de riscos globais. O relatório de 2023 já havia alertado sobre um mundo que não se recuperaria facilmente de crises frequentes. As mudanças tecnológicas seguem em ritmo acelerado assim como as incertezas econômicas que possui como pano de fundo duas crises que tem sido uma constante: clima e conflitos. Assim como os ecossistemas naturais sofrem mutações para sobreviverem, essas mudanças sistêmicas também estão ocorrendo em outras esferas, em especial: geoestratégicas, demográficas e tecnológicas. O relatório destaca que em 2023 os riscos globais sofreram um aumento brutal, sustentado pelas crises já mencionadas, bem como um duelo de titãs quando simultâneas.
Sociedade organizada?
O relatório aborda questões fundamentais, deixando claro o árduo caminho que nós efetivamente necessitamos cooperar uns com os outros. Isso fica claro quando o relatório descreve os riscos mais graves percebidos para as economias e sociedades em 2 e 10 anos, no contexto dessas forças influentes. Lendo o relatório me deparo com algumas questões que ainda não resolvemos em nossa sociedade “organizada”:
Estamos prontos para enfrentar as mudanças necessárias em um mundo com médias de temperaturas acima de 3°C ?
Chegamos realmente ao limite de nosso desenvolvimento humano para a maioria da população mundial, considerando a deterioração das dívidas entre países e das condições geoeconômicas?
A julgar pelos índices atuais, estamos preparados como sociedade organizada para recebermos o impacto da escalada da criminalidade e corrupção?
Manteremos nosso baixíssimo nível de tolerância com opiniões, ideologias e pensamentos diversos ao nosso, ao custo de nossas relações humanas? Somente por serem ditos “diferentes”? Pertencentes a minorias? Diferentes tons de pele? Crença? Origem? Idade ?
São perguntas ainda sem respostas, ou pior; com respostas já conhecidas, porém por questões variadas não queremos respondê-las. Só há um problema: a conta já chegou.
O que está ruim ainda pode piorar, pois os riscos transnacionais se tornarão mais difíceis de lidar à medida que a cooperação global for se deteriorando. Na pesquisa de percepção de riscos globais publicada no relatório, 2/3 dos entrevistados preveem o surgimento de uma ordem multipolar dominante nos próximos 10 anos, à medida que as potências estabelecem e aplicam – mas também contestam – as regras e normas atuais. O relatório considera as implicações desse mundo fragmentado, onde a preparação para os riscos globais é cada vez mais crítica. Prejudicada fundamentalmente pela falta de consenso e cooperação.
Considerando esse cenário para 2024, te pergunto: qual a sua parte nisso?
Fonte: The Global Risks Report 2024, 19th Edition – World Economic Forum