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Lâminas do Cotidiano: A solidão de Deus e a mística da pobreza (Parte 2)

Não para os místicos, para eles Deus precisa do homem tanto quanto a composição musical precisa das fugas do silêncio ou a noite, das estrelas.

Neste sentido, é possível dizer que o homem é a glória de Deus. Ele precisa do homem para se reconhecer plenamente na criação.

Então onde Deus se refugiou neste nosso mundo materialista e tecnológico?

O Messias diz que os místicos vivem quase invisível, irreconhecível, trajando roupas simples, morando em lugares ermos.

Muitas vezes ele habita os corações dos doentes e marginalizados, frequenta o desespero dos encarcerados. É sensível à angústia dos jovens e apieda-se da sociedade que renegue os velhos à indigência.

Deus é o estrangeiro que nos pede auxílio.

Mas por que ele repousa na face dos ultrajados?

Para Agostinho a doença é a condição do homem religioso na medida que este percebe que a saúde e a riqueza advém da graça divina. Os ricos e poderosos são incapazes de reconhecer plenamente esta contingência do amor…alienados “in extremis “

que são pela concupiscência da carne e do espírito.

Só se pode reconhecer Deus, diz-nos o  Baal Shem Tov,  no mundo cuidando dos seus filhos mais necessitados, provendo-lhes o milagre cotidiano de uma refeição decente, um trabalho honesto e digno, dando-lhes escolas e hospitais.

Nesta época marcada pelo extremo individualismo quando os homens se transformaram em egos gigantescos buscando sucesso e celebridade, quando a ganância é aplaudida como qualidade moral indispensável ao sucesso e a avidez comportamento justificável , neste mundo decaído olhar os pequeninos parecer ser tolice e cinismo.

Mas curiosamente é somente através dos pequeninos da terra que Deus pode escapar da celestial solidão e nos visitar prometendo uma outra vida para além da nossa angústia cotidiana inútilmente tratada com antidepressivos, cirurgias plásticas e os BBB da vida.

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