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Lâminas do Cotidiano: Mulheres que amam homens do mal

Acredito que a aventura e adrenalina que se têm no dia a dia ao se relacionar com um preso é deveras sedutor para um tipo muito particular de personalidade.

Afinal de contas a ideia do preso é a ideia do transgressor. Aquele que rompe com as convenções sociais e normas comportamentais aceitas. Isso tem um apelo afetivo para dois segmentos importantes da comunidade hipnotizada pelas mídias sociais: os jovens em formação e as mulheres muitas vezes carentes e desprotegidas. O transgressor via de regra oferece um acicate que as faz sair do cotidiano, que de toda a maneira é bastante previsível e onde jaz o tédio e a melancolia. Ter um relacionamento com homens deste jaez rebelde é promessa certa de aventura e adrenalina puras.

Claro nem todas são atraídas por esses indivíduos sacripantas. Aliás a maioria não é.

Mas o amor desmesurado destas “fora da caixinha” é visto como louco pela sociedade e infantil-regressivo pela psiquiatria forense: O Amor é o afeto mais extraordinário da condição humana porque significa doação “in extremis” ao outro. Numa comunidade entusiasmada pelos vícios como a brasileira, individualista, onde esta doação plena cabe em nossas relações interpessoais? Com os filhos talvez, perto dos parentes próximos quem sabe, mas quem serão as “tresloucadas” que vão abdicar de uma certa estabilidade financeira e emocional para viver uma loucura eivada por perigos físicos, escárnio e acinte moral?

Saber que o amor da vida destas mulheres encerra-se numa cadeia de todo abrutalhada e insalubre, dá a elas um sentindo existencial, uma força revolucionária excepcional para lutar contra a hipocrisia reinante no mundo apequenado dos limpinhos e insossos de plantão. 

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