No alto do Gólgota o poeta crucificado
Suspira pela última vez doando seu espírito
Ao Deus Pai que mora em todas as direções
Aonde o vento sopra amorosamente.
De seu corpo transpassado pela espinheira da dor
Viceja nos poros entreabertos, anjos folgazões
Que acorrem aos céus como anunciadores
De uma verdade teúrgica revelada.
É que toda a maldade e malícia humanas tinham sido
Permutadas em misericórdia eterna e todo aquele que
Se dispusse a prostar-se seria solenemente justificado
E adormeceria,cauto, junto à luz que gera a luz.
Então neste exato instante de glória celeste, a terra escureceu
Por três horas consecutivas e tudo desmoronou e tudo
Se liquefez em medo na terra estéril, desentranhada
Mas o poeta permanecia morto aos olhos dos incréus.