Jornal DR1

Literatura e reintegração

A emoção da terceira cerimônia de posse da ABLC

Por David Antunes

A ABLC – Academia Brasileira de Letras do Cárcere, em colaboração com a Fundação Santa Cabrini e apoio do Governo do Estado e da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, realizou no último dia 17, sua terceira cerimônia de posse no auditório da Fundação Santa Cabrini, na Zona Sul do Rio. Este evento é resultado de uma parceria entre as instituições visando fortalecer a reintegração social por meio da literatura.

A literatura pode ser um veículo de libertação e de desenvolvimento pessoal porque desperta emoções e estimula a imaginação. 

Criada para destacar as obras de escritores encarcerados ou egressos do sistema prisional, a ABLC promove a valorização humana, além do direito à educação e à expressão literária. Idealizada pelo desembargador aposentado Siro Darlan, a iniciativa surgiu em 2023, reunindo advogados e membros da sociedade civil. Desde sua fundação oficial, em 18 de abril de 2024, na Faculdade Instituto Rio de Janeiro (FIURJ), a ABLC tem proporcionado visibilidade a importantes autores que trazem novas perspectivas sobre a vida e a literatura. Ler promove a remição da pena e é uma forma de superação do sofrimento do cárcere e resistência a toda forma de violência. 

Neste ano, já foram realizadas duas cerimônias de posse, totalizando nove novos acadêmicos. Nesta terceira cerimônia, mais 11 escritores foram empossados, completando assim as 20 cadeiras da ABLC.

O evento foi marcado por momentos de grande emoção, especialmente entre os acadêmicos empossados. A acadêmica Maria Auxiliadora, que ocupa a cadeira nº 12, que tem como patrona Lélia Gonzalez, destacou a importância da academia em dar visibilidade àqueles que estão atrás das grades. Ela ficou presa por seis anos e compartilhou sua trajetória no livro “A transformação de Maria: Jesus me tirou das trevas para a luz”. 

O acadêmico Weverton Ucelli da Silva, ocupando a cadeira nº 15, cujo patrono é Fiódor Dostoiévski, emocionou o público ao cantar uma música que gravou enquanto estava preso. Ela narra suas dificuldades e superações. Suas poesias foram compiladas no livro “Corpo preso, mente livre: versos aos verbos de um detento”.

Outro ponto alto do evento foi a presença do escritor, tradutor e editor Salvio Kotter, que firmou uma parceria inédita com a Kotter Editorial, comprometendo-se a publicar todos os livros dos acadêmicos da ABLC. 

A cerimônia reafirmou o compromisso da instituição em reconhecer e promover os direitos sociais dos encarcerados, especialmente o direito à educação e à produção literária.

Ela também se demonstrou uma oportunidade de dar voz a novos autores e destacar o poder transformador da literatura. Mais do que uma forma de expressão individual, a produção literária se revela um caminho para a construção de uma sociedade mais inclusiva e humanizada. Na ocasião a ABLC doou à Secretaria de Administração Penitenciária 400 livros novos para compor as bibliotecas das penitenciárias e solicitou que os livros publicados pelos acadêmicos fizessem parte da leitura para fins de remição para estimular novos leitores e escritores advindos dos cárceres. 

Participaram da cerimônia o presidente da Fundação Santa Cabrini,, Clécius Silva; a jornalista Mônica Sanches; Carlos Alberto Silva, o BOBI, representando a instituição Radar Artes Visuais; a presidente da Academia Brasileira de Letras do Cárcere, Silvana Santo; o diretor de Produção e Comercialização, Alexandre Augusto Gonçalves; o vice-presidente da ABLC, Siro Darlan; Ana Cristina Campelo, vice-presidente da FALB e CEO do Jornal DR1; Carlos Alberto CAO da IFHT, UERJ; Janira Rocha defensora pública, e presidente da Comissão de Seleção do Acadêmicos da ABLC; Fabiana da Silva, ouvidora geral da Defensoria Pública, o presidente da ABTL, Comendador e Chanceler, Dr. Roberto Bitencourt e o deputado estadual Samuel Malafaia que não pode estar presente na ocasião, sendo representado pelo assessor parlamentar David Antunes.

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