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Luciano Hang presta depoimento e nega financiar fake news na CPI da Pandemia

Da Agência Brasil

Em uma sessão tumultuada e marcada por muito bate-boca, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado ouviu o empresário Luciano Hang. Logo na primeira resposta, após ser ironizado pelo relator Renan Calheiros que o chamou de “bobo da corte”, ele rechaçou o rótulo de negacionista.

“Não sou negacionista. Nunca neguei ou duvidei da doença [covid-19]. Tanto que minhas ações não ficaram só no discurso. Mandei 200 cilindros de oxigênio para Manaus, no valor de R$ 1 milhão. Respiradores, máscaras, camas, utensílios. Não sou nem nunca fui contra a vacina. Tanto que disponibilizei todos os nossos estacionamentos como pontos de vacinação. Além disso, juntamente com outros empresários, fizemos campanha para que a iniciativa privada pudesse comprar [vacinas] para doar e ajudar o país a acelerar o processo de imunização”, afirmou.

Aos senadores, o empresário disse ainda que é “acusado sem provas e perseguido” por expressar opiniões. Hang acrescentou que não conhece e não faz parte de um suposto gabinete paralelo – formado por pessoas que teriam aconselhado o presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia – e negou ter financiado esquemas de fake news.

Ainda em sua fala inicial, o depoente, investigado por disseminar notícias falsas, disse que deseja apenas exercer seu direito de “liberdade de expressão”. “O que eu peço pro Senado é que me deixem falar. Hoje eu vim aqui com tempo, a minha agenda está aberta aos senadores. Mas também quero tempo para poder dar a minha resposta. Talvez hoje seja o melhor dia da CPI. Vamos manter a nossa fala tranquila. Quem tem argumentos não precisa aumentar a voz”, ressaltou.

Durante a fase de perguntas feitas pelo relator, o empresário confirmou que tem três empresas em paraíso fiscal, assim como “duas ou três contas” no exterior, mas, segundo ele, todas estão devidamente declaradas e regularizadas perante a Receita Federal. Hang disse que desde 1993 passou a importar produtos e, por isso, considera uma questão de segurança manter contas no exterior para se proteger das oscilações do dólar.

Perguntado se recebeu financiamento de instituições públicas, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Hang disse que não e que optou por bancos privados. O empresário admitiu, no entanto, ter recorrido à Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame), uma subsidiária do BNDES, para comprar máquinas no valor de R$ 50 milhões.

Segundo o presidente da comissão, documentos repassados pelo BNDES apontam 57 operações do banco de financiamento com o empresário, totalizando R$ 27 milhões. Hang rebateu a informação e afirmou que esse valor é o que as lojas dele faturam em um dia.

Questionado sobre os motivos de as lojas Havan, de propriedade de Hang, terem passado a vender cestas básicas, em meio às medidas de restrição adotadas para conter a disseminação do coronavírus em 2020, Hang negou que sua intenção tenha sido driblar a legislação para abrir as portas das lojas. Segundo ele, a Havan possui Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) para vender alimentos em qualquer município e é a que “mais vende chocolates” no Brasil. 

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