Pelas ruas da cidade, Anderson oscila entre a lucidez e a loucura – ele hoje é apenas a sombra de um homem outrora bem-sucedido, mas que perdeu tudo: sua empresa, todas as suas economias, o grande amor da sua vida e um parente querido. Na fronteira com o delírio, mas ainda capaz de lampejos de sabedoria, essa pungente figura é interpretada pelo ator Luiz Machado no solo “Nefelibato”. Escrito por Regiana Antonini, dirigido por Fernando Philbert e com supervisão artística de Amir Haddad, o monólogo reestreou em 10 de janeiro no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto – voltando ao circuito após temporadas no Rio de Janeiro (onde estreou há três anos, no Porão da Casa de Cultura Laura Alvim), São Paulo e Goiânia. O espetáculo fica em cartaz até 3 de fevereiro, às sextas, sábados e segundas, às 20h, e domingos, às 19h.
A trama é ambientada na década de 90, mas dialoga muito com o Brasil de hoje. Em cena, os efeitos devastadores do Plano Collor, que levaram Anderson a se tornar morador de rua. O país voltava a ter um governo eleito democraticamente e a inflação galopante exigia medidas drásticas. A saída da nova equipe econômica foi confiscar parte da caderneta de poupança da população, o levou milhares de brasileiros ao desespero e à bancarrota. Muitos enlouqueceram. Esse é o caso de Anderson, que ainda amarga outras perdas em sua vida.
Com 25 anos de carreira (incluindo teatro, TV e cinema), Luiz Machado tem em “Nefelibato” o primeiro monólogo. “Anderson é alguém que vive situações limite. Um equilibrista no fio tênue entre lucidez e loucura, vida e poesia”, diz o ator. O quanto de loucura é necessário para o ser humano não perder a própria vida? Essa pergunta acompanhou o diretor Fernando Philbert ao longo do processo da montagem. “Quis tratar do instinto de sobrevivência que o ser humano tem e esquece que tem. Viver na rua é o caminho que ele encontrou para continuar vivo”, destaca o diretor.
Em parceria com o projeto “Circulando”, da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, o ator fará uma sessão especial para pessoas que estiveram em situação de rua e hoje se encontram em abrigos da prefeitura. A sessão será no dia 13 de janeiro, às 15h, também no Espaço Cultural Sérgio Porto. Após a apresentação, acontecerá um debate com a participação do diretor Amir Haddad. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mais de 101 mil pessoas vivem nas ruas em todo o Brasil. O levantamento foi realizado em 2016 e mostra o resultado da crise econômica e do desemprego.
Luiz emociona com o olhar. Penetra na alma e nos faz questionar, em plena área de cracolândia paulistana, onde Nefelibato está em cartaz, toda a realidade que tentamos fazer invisível está ali e coexiste com a cidade. – Kyra Piscitelli, site Aplauso Brasil
“Nefelibato” é um espetáculo que através da admirável atuação de Luiz Machado, dialoga eficientemente com a consciência de um personagem que mantém-se integro em valores, mesmo que lançado ao despenhadeiro emocional pela indiferença da nossa sociedade. – Renato Mello, site Botequim Cultural
LUIZ MACHADO
Com 25 anos de carreira, Luiz Machado formou-se ator pela Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio) em 1994. No teatro, trabalhou em 37 peças, tendo produzido quatro delas. Trabalhou com diretores como João Bethencourt (de quem foi também assistente em “Como matar um playboy”), Maria Clara Machado, Domingos Oliveira, João Fonseca, entre outros. Em 2016, estreou “Nefelibato”, seu primeiro solo, no Porão da Casa de Cultura Laura Alvim.
Na TV, atualmente faz parte da série “Z4” (Netflix) e integrou a segunda temporada da série “Magnifica 70” (HBO), com direção de Claudio Torres. Protagonizou a série “Família imperial”, coprodução do Canal Futura com a TV Globo, com direção de Cao Hamburguer. Na TV Globo, atuou em mais de 30 produções, como as novelas “Flor do Caribe” e “América” e os humorísticos “Zorra total”, “A grande família”, “A diarista” e “Sob nova direção”. Atuou também em cinco novelas da Rede Record, entre elas, “Poder paralelo” e “Chamas da vida”. No cinema, fez “Paixão e acaso”, de Domingos Oliveira, “Transeuntes”, de Eric Rocha, e “Nosso lar”, de Wagner de Assis.
FICHA TÉCNICA
Texto – Regiana Antonini
Supervisão artística – Amir Haddad
Direção – Fernando Philbert
Interpretação – Luiz Machado
Cenografia e figurino – Teca Fichinski
Iluminação – Vilmar Olos
Música – Maíra Freitas
Direção de movimento – Marina Salomon
Preparação vocal – Edi Montecchi
Design gráfico – Cláucio Sales
Assessoria de imprensa – Paula Catunda
Redes sociais – Rafael Teixeira
Assistente de direção – Alexandre David
Assistente de cenário – Juju Ribeiro
Direção de produção – Joaquim Vidal
Realização – LM Produções Artísticas
SERVIÇO
Espetáculo: “Nefelibato”
Temporada: 10 de janeiro a 3 de fevereiro de 2020.
Dias e horários: De sexta a segunda.
Sexta, sábado e segunda, às 20h. Domingo, às 19h.
Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto
(Rua Do Humaitá, 163 – Humaitá)
Informações: (21) 2535-3846.
Lotação: 99 lugares.
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Venda de ingressos:
https://riocultura.superingresso.com.br
Classificação: 14 anos.
Duração: 60 min.
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