A trajetória de uma mulher negra que fez da própria história uma ferramenta de mudança social
Macaé Evaristo, nascida em 1965, em São Gonçalo do Pará (MG), é reconhecida nacionalmente como uma das mais importantes referências na luta por uma educação pública inclusiva, democrática e comprometida com a justiça social. Filha de uma mãe viúva que criou sozinha as filhas em meio a dificuldades, Macaé cresceu entendendo o valor da resistência, da coletividade e da educação como instrumento de emancipação. Essa vivência pessoal moldou toda a sua atuação pública e acadêmica.
Formada em Serviço Social pela PUC-Minas, com mestrado em Educação pela UFMG, Macaé iniciou sua trajetória como professora da rede pública aos 19 anos. Foi na sala de aula que ela percebeu, de forma concreta, as desigualdades enfrentadas por crianças e jovens das periferias e comunidades tradicionais. A partir daí, dedicou-se a criar políticas educacionais capazes de dialogar com a realidade de cada território.
Na década de 1990, coordenou o Programa de Implantação de Escolas Indígenas em Minas Gerais, iniciativa pioneira que assegurou respeito às culturas dos povos originários e valorização de suas línguas e modos de vida. Entre 2005 e 2012, foi figura central na Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, onde se destacou pela criação de políticas voltadas para diversidade, juventude e inclusão. Tornou-se a primeira mulher negra a assumir a Secretaria Municipal de Educação da capital mineira.
No governo federal, comandou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC). Seu trabalho foi essencial para expandir ações afirmativas, fortalecer escolas quilombolas, indígenas, do campo e implementar políticas de enfrentamento ao racismo dentro das instituições de ensino.
Em 2015, Macaé fez história mais uma vez ao se tornar a primeira mulher negra a assumir a Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais. Sua gestão priorizou o fortalecimento das escolas públicas, investimentos em formação docente, valorização da diversidade e ampliação do diálogo com comunidades estudantis.
A partir de 2020, ingressou definitivamente na política institucional. Foi eleita vereadora em Belo Horizonte e, em 2022, deputada estadual com mais de 50 mil votos. Em 2024, assumiu o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, consolidando-se como uma das principais lideranças do país na defesa da dignidade humana, políticas antirracistas e proteção de populações vulneráveis.
Com sensibilidade, firmeza e compromisso social, Macaé Evaristo transformou sua vivência pessoal em força política, acadêmica e institucional. Sua trajetória inspira mulheres, jovens, negros, educadores e todos que acreditam na construção de um Brasil mais justo, plural e inclusivo.



