Jornal DR1

Maguila, fazendo a diferença nos ringues, na inclusão social e na ciência

Cérebro de ex-atleta foi doado ao Banco de Cérebros da Universidade de São Paulo

Na última quinta-feira (24/10). o Brasil deu adeus a um dos maiores pugilistas do paísl,  repetidas vezes campeão brasileiro e sul-americano de boxe na categoria peso-pesado, campeão das Américas (pelo Conselho Mundial de Boxe) e Mundial (pela Federação Mundial de Boxe Profissional) também na categoria de peso-pesado. José Adilson Rodrigues, recebeu  a alcunha “Maguila” por semelhança ao porte físico do personagem Magilla Gorilla, da Hanna-Barbera. Ele lutou profissionalmente entre 1983 e 2000, realizando ao todo 85 lutas oficiais em 17 anos, com 77 vitórias (sendo 61 por nocaute), sete derrotas e um empate técnico. 

Maguila se deslocou ainda muito jovem da região nordeste para o grande centro urbano de São Paulo. Trabalhou desde cedo na construção civil, e treinava boxe no tempo livre, por vezes de maneira improvisada, usando, antes ou depois do expediente, pneus como alvos para praticar seus golpes. Apesar da falta de oportunidades de receber desde cedo treinamento profissional, se destacou no pugilismo de maneira que chamou a atenção do empresário e locutor esportivo, Luciano do Valle. Durante a primeira parte de sua carreira, teve Luciano como principal divulgador. Suas lutas eram uma das atrações do Show do Esporte, programa dominical da TV Bandeirantes. Na época, ele foi treinado pelo famoso americano Angelo Dundee, que instruiu lutadores como Sugar Ray Leonard e Muhammad Ali.

Maguila tornou-se o primeiro brasileiro campeão mundial dos pesos-pesados no dia 22 de agosto de 1995, então aos 37 anos, ao derrotar por pontos o inglês Johnny Nelson na cidade paulista de Osasco

Em 2010, o pugilista foi diagnosticado equivocadamente com mal de Alzheimer. Alguns anos mais tarde, o ex-lutador ficou internado por dois anos, tendo sido diagnosticado definitivamente com encefalopatia traumática crônica (ETC), também conhecida como “demência pugilística”, uma doença neurodegenerativa progressiva que causa declínio cognitivo, alterações de comportamento e problemas de memória através da destruição dos neurônios, ocasionada por repetitivos golpes na crânio.

Maguila também criou e manteve a ONG Amanhã Melhor, que passou a ensinar o boxe a crianças e jovens carentes.  E, antes mesmo da morte, continuou demonstrando  o desejo de contribuir para o avanço da sociedade, seja na área social ou na ciência. A viúva de Maguila, Irani Pinheiro, afirmou, em coletiva de imprensa durante o  velório, que a família decidiu doar o cérebro do ex-atleta enquanto ele ainda estava vivo.

“Faz 18 anos que o Maguila está doente e por conta disso a gente resolveu até em vida mesmo a doação do cérebro dele para estudo“, afirmou Irani a jornalistas nesta sexta (25/10).

O médico informou ainda que o órgão será encaminhado ao Banco de Cérebros da Universidade de São Paulo, mesmo local para onde os cérebros do ex-pugilista Éder Jofre e do futebolista Hilderaldo Luís Bellini foram doados.