O nome do médico cardiologista Marcelo Queiroga foi anunciado nesta semana como o quarto ministro a assumir o Ministério da Saúde durante a pandemia da covid-19. E a missão não será das mais fáceis: caberá a ele conduzir a pasta em meio ao pior momento da doença no país. Ele foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 15 de março e assume a vaga deixada pelo general Eduardo Pazuello — desde o começo da pandemia, há um ano, também passaram pela pasta os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. A nova troca no comando do ministério acontece por pressão de aliados e pela queda na aprovação do presidente, motivadas pelas críticas sobre a má gestão da pandemia.
Em seus discursos, Queiroga já recomendou uso de máscara e higienização das mãos como forma de prevenir a covid-19 e disse que o país vai conseguir reduzir as mortes com políticas de distanciamento social. Ele afirmou que sua gestão vai trabalhar para conseguir homogeneizar a conduta assistencial no tratamento da covid-19 no país.
Só que ao mesmo tempo em que trouxe um discurso apontando novas estratégias para combate a pandemia, também afirmou que dará continuidade ao trabalho de Pazuello, que obedeceu Bolsonaro durante toda a passagem pelo Ministério e cuja conduta virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) — a investigação foi aberta no fim de janeiro, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), para apurar a conduta dele em relação ao colapso do sistema de saúde de Manaus, onde dezenas de pacientes morreram por falta de oxigênio hospitalar.
“O governo está trabalhando. As políticas públicas estão sendo colocadas em prática. O ministro Pazuello anunciou todo o cronograma da vacinação. A política é do governo Bolsonaro. A política não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo. O ministro Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e eu fui convocado pelo presidente Bolsonaro para dar continuidade a esse trabalho”, disse.
Natural de João Pessoa (PB), Marcelo Queiroga se formou em medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele fez especialização em cardiologia no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro. Sua área de atuação é em hemodinâmica e cardiologia intervencionista e, atualmente, atua como presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Queiroga foi a segunda opção de Bolsonaro. A primeira seria a médica Ludhmila Hajjar, mas ela recusou o convite por discordar da forma como o governo conduz a política de saúde na pandemia — ela é defensora de um amplo e eficaz sistema de vacinação e, ao contrário de Bolsonaro, não é favorável ao tratamento com cloroquina.
Com o anúncio de Queiroga, o processo de transição no Ministério da Saúde deve durar entre uma e duas semanas, prevê o governo. “Ele é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Já o conhecia há alguns anos então não é uma pessoa que tomei conhecimento há poucos dias, e tem, no meu entender, tudo para fazer um bom trabalho dando prosseguimento em tudo que Pazuello fez”, disse Bolsonaro.