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Maurina Pereira Carneiro: A Condessa que se fez jornalista (Parte 2)

Condessa Pereira Carneiro em 1920 Revista Vida Doméstica

Maurina Dunshee de Abranches Marchesini casou-se em segundas núpcias com Ernesto Pereira Carneiro, empresário e jornalista, proprietário do “Jornal do Brasil” e Conde Papal. Com a morte do marido em 21 de janeiro de 1954, a Condessa, como era conhecida, assumiu a direção do jornal. A Condessa Pereira Carneiro foi uma revelação como chefe de empresa e como mulher no Brasil das décadas de 1910 a 1980. Recebendo, por herança e legado do marido, o “Jornal do Brasil”, velho órgão da imprensa brasileira, assumiu-lhe a direção, viajou pela Europa e pela América do Norte, estudando organizações de imprensa e veio remodelas o tradicional órgão de divulgação, dando-lhe a vitalidade que o mesmo demostrou por longas décadas. Ela própria justificava seu êxito na seara: era bisneta, neta e filha de jornalistas. Seu bisavô, João Antônio Garcia de Abranches, foi político, jornalista e fundador do jornal “O Censor” no Maranhão durante o Império. No processo de modernização do “Jornal do Brasil” na década de 1950, que era chamada ingênua e romanticamente de ‘Anos dourados’, a Condessa provocou um choque nacional, com a divulgação da poesia concreta. Seu primeiro contato com o concretismo ocorreu em Paris, na UNESCO, ao assistir um concerto de música dessa escola, decidindo, desde então, abrir-lhe as colunas do seu austero matutino. Era a hora das mulheres e personalidades como a Condessa Pereira Carneiro, a jornalista e escritora Adalgisa Nery, a engenheira Elza Pinho Osborne (polêmica diretora do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura da Guanabara que levou o teatro ao povo) e a engenheira Carmem Portinho (diretora do Departamento de habitação Popular da Prefeitura da Guanabara e que construiu cidades).

Porém, para entendermos sua trajetória, com mais altos do que baixos, nos sucessos empreendedores de sua atuação, precisamos saber um pouco mais dos fatos que levariam para tal. Fatos esses já desconhecidos hoje em dia e difíceis de encontrar em biografias resumidas e verbetes incompletos espalhados pela internet. A Condessa nasceu em Niterói, na Praia de Icaraí, em 15 de agosto de 1899 e era filha de maranhense, o que justificava seu sotaque levemente nordestino. Seu pai, o escritor Dunshee de Abranches, teve uma atividade intelectual polimorfa. Deixou mais de 100 obras publicadas, foi político (deputado estadual no Maranhão, reeleito sucessivamente reeleito, e deputado federal no governo Rodrigues Alves) e jornalista e, no início da vida do “Jornal do Brasil” foi um dos seus redatores mais brilhantes. Filho do jornalista Antônio da Silva Moura, o escritor João Dunshee de Abranches Moura nasceu em São Luís e foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e membro da Academia Maranhense de Letras. O pai foi um verdadeiro exemplo vivo para Maurina se embrenhar no caminho das lides jornalísticas, pois acompanhou de perto, a eleição do mesmo como presidente da Associação Brasileira de Imprensa em 1910. Reeleito em 1912, Dunshee de Abranches ocupou o posto até o final de 1913. Durante sua administração, promoveu a reforma estatutária, aprovada em 1911, e a mudança de nome da instituição para Associação de Imprensa dos Estados Unidos do Brasil.

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