A megaoperação no Alemão e na Penha, realizada nesta terça-feira (28), entrou para a história como a mais letal já registrada no estado do Rio de Janeiro. A ação das polícias Civil e Militar deixaram 64 mortos, entre eles quatro agentes de segurança, e resultou na prisão de 81 suspeitos, além da apreensão de 75 fuzis e uma alta quantidade de munições e drogas.

Segundo levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da Universidade Federal Fluminense (UFF), o número de vítimas da operação supera as das duas maiores ações policiais anteriores no estado: a do Jacarezinho, em maio de 2021, que deixou 28 mortos, e a da Vila Cruzeiro, em 2022, com 24 mortos. Somadas, estas duas ainda ficam abaixo do total registrado na ofensiva desta semana.

O levantamento histórico do Geni aponta as dez operações mais letais do Rio entre 1990 e 2025. O recorde anterior pertencia ao Jacarezinho, seguido pela Vila Cruzeiro e por incursões no Complexo do Alemão em 2007, 2020 e 2022. A nova operação, batizada de “Operação Contenção”, agora ocupa o topo dessa lista.

De acordo com o governo do estado, a ação mobilizou mais de 2,5 mil agentes, entre policiais civis, militares e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O objetivo era prender lideranças do Comando Vermelho (CV) e conter o avanço territorial da facção.

O governador Cláudio Castro classificou a operação como um “duro golpe na criminalidade”.

Além das mortes e prisões, o impacto da ação se espalhou pela cidade: linhas de ônibus foram desviadas, escolas e unidades de saúde fecharam as portas, e moradores relataram intensos tiroteios e barricadas incendiadas durante toda a manhã.

Com 64 mortos e 81 presos, a megaoperação no Alemão e na Penha consolida um marco sombrio na história da segurança pública fluminense — reacendendo o debate sobre a letalidade policial, o papel das forças federais e a necessidade de políticas de segurança integradas entre os governos.

O Jornal O Povo na Rua acompanha os desdobramentos da operação e os impactos sociais na Zona Norte do Rio.