Produzido por uma equipe majoritariamente feminina, o filme da cineasta nilopolitana celebra a conexão entre pai e filha através da arte, e tem emocionado públicos em festivais pelo Brasil.
Em pouco mais de 15 minutos, o curta-metragem “Meu pai é um pintor” transforma cenas cotidianas em poesia visual. Dirigido pela cineasta nilopolitana Catu Rizo, o filme mergulha na relação entre uma filha e seu pai artista, revelando camadas de afeto, ausência e permanência por meio da arte e da memória. Com uma abordagem delicada e profundamente pessoal, o curta tem conquistado destaque em mostras e festivais de cinema independentes no Brasil.
A obra é, antes de tudo, uma carta de amor. Não uma idealização, mas um retrato honesto das marcas que a convivência – e também a distância – deixam entre pais e filhos. O filme acompanha a jornada de uma jovem que revisita as lembranças de seu pai, um pintor com quem teve uma relação complexa e cheia de silêncios. Através de falas íntimas, imagens de arquivo, pinceladas e cores, o curta convida o espectador a refletir sobre os vínculos afetivos e a maneira como a arte pode ser tanto herança quanto linguagem de reconciliação.
O destaque vai também para a sensibilidade estética com que Catu Rizo conduz a narrativa. Com uma fotografia cuidadosa, ritmo contemplativo e uma trilha sonora que acompanha suavemente as emoções, o filme se desenha como um diário visual. A cineasta, que tem raízes profundas em Nilópolis, na Baixada Fluminense, leva para a tela uma representação de afeto que foge dos clichês e ecoa uma identidade plural, feminina e periférica.
Produzido por uma equipe majoritariamente feminina e independente, “Meu pai é um pintor” também representa um avanço na luta por maior representatividade no audiovisual brasileiro. Ao colocar mulheres da Baixada atrás das câmeras, a obra reafirma a potência criativa que existe fora dos grandes centros tradicionais da indústria cinematográfica.
O curta já circulou em diversos festivais e sessões especiais, onde tem sido elogiado não apenas pela temática sensível, mas pela força de sua direção e autenticidade narrativa. Para Catu Rizo, contar essa história é também uma forma de resistência: “Falar de afeto é também falar de política. Falar do meu pai é falar de quem eu sou, de onde venho e como escolhi contar o mundo”, afirmou em uma das exibições do filme.
“Meu pai é um pintor” é, portanto, mais do que uma obra sobre arte. É um espelho de sentimentos, memórias e laços. Um filme que toca suavemente, mas deixa marcas profundas.